quinta-feira, 29 de setembro de 2011
O OUTRO LADO
Ainda pensei que ao chegar ao seu superior tudo seria esclarecido, não me preocupei muito.
Não imaginava que estava começando uma das experiências mais terríveis que tive em minhas aventuras de caminhoneiro. Na frente de mais dois policiais, foram solicitados meus documentos e uma ordem para que tirasse o meu cinto, minha aliança e um anel, sendo que já um pouco nervoso tive dificuldade com o cinto no que fui ajudado por um dos policiais, que pegou pela fivela puxando-o violentamente, fazendo com que eu desse uma volta sobre mim mesmo, tendo me olhado com um olhar sarcástico e debochado. Nisso fui interpelado pelo outro que examinava meus documentos, perguntando-me seu eu era policial, ao ver minha carteira de policial militar do Rio Grande do Sul. Respondi aliviado que sim pensando que ao verem minhas condições de seu colega tudo estaria resolvido. Tremendo engano, afirmou risonho que: Oste és Policia Allá em tu tierra acá Oste no és nadie. A partir daí, fui levado para um pátio interno, onde foi aberta uma porta de ferra e mandaram que eu entrasse. Resisti o que pude, pedindo o direito de ligar pra minha empresa ou para um advogado, no que um deles se retirou, falou com outro e voltaram juntos, pensando eu que me daria o direito universal de procurar me defender de uma acusação que até o momento eu não sabia qual era. Dos dois que voltaram, um deles deu-me com a mão aberta um violenta tapa na nuca e o outro o auxiliou, dando-me um violento chute na bunda, com esse apoio inesperado, acabei caindo estatelado dentro do xadrez onde existia outros presos.
A porta foi fechada violentamente e achei-me na presença dos novos colegas da cadeia apavorado, desnorteado e sem saber o motivo de tamanha arbitrariedade e tanta violência.
A partir daquele momento comecei a entender as histórias dramáticas contadas por outros colegas que já tinham provado a ignorância e o abuso de autoridade da policia argentina.Passado o primeiro impacto da surpresa e o medo que senti ao ser tratado como um marginal pela primeira vez comecei a analisar a situação difícil e complicada na qual eu estava inserido. O local era um xadrez com três celas laterais, algo parecido com um salão e um banheiro ao fundo. Na primeira cela de aproximadamente 2,5 por 1,90, havia 08 presos, um maior e os outros todos menores de várias idades, todos deitados ou acomodados sobre uns alcochoados e cobertores velhos que lhes servia de cama, onde todos estavam deitados ou em cima daqueles trapos velhos e sujos. Na segunda, havia um sujeito grande, mas não chegava a ser gordo, peludo, parecia um chipanzé, só que, branco, deitado sob um colchonete com um edredom, tudo limpo e bem arrumado, ele estava sentado na cama recostado na parede. Na outra cela não havia ninguém, estava totalmente vazia. No fundo o banheiro, com algo que devia ter sido um sanitário, onde existia só um buraco onde se fazia as necessidades fisiológicas, com um cano na parede pingando água, devia ter havido ali uma torneira. O local era assustador, sujo, ou melhor, imundo, com um cheiro insuportável que chegava a dar náuseas. Após essa análise fui interpelado pelos presentes, todos queriam ao mesmo tempo saber o motivo da minha estada ali e queriam saber como eram as cadeias do Brasil, quando descobriram que eu era brasileiro. O ambiente foi se acalmando, começamos a conversar, eu procurando explicar os motivos da minha prisão e com muito cuidado informando que eu não era da área mas r sem deixar transparecer que eu nunca tinha passado por uma situação tão constrangedora e complicada como aquela. O que senti de imediato, apesar da aparência dos meus colegas de momento, foi a total solidariedade e ainda quando sentiram que eu estava muito nervoso, procuraram me tranqüilizar, dizendo que aquilo não era nada e que eu sairia numa boa da situação. Só então entendi o que sempre vi na minha vida profissional, quando tive a oportunidade de entrar em presídios ou locais que houvesse pessoas na minha situação. Fazia uns seis meses que eu lutava para deixar de fumar,mas a primeira coisa que fiz, foi acender um cigarro que me foi oferecido por um dos componentes da primeira cela. Hoje penso e parece-me que aquele foi o melhor cigarro que fumei na minha história de muitos anos de vicio. Comecei a caminhar desesperadamente dentro cela, não conseguia me controlar, comecei a analisar a minha situação e cheguei à conclusão que não era das melhores diante de tantas outras que passei ao longo dos anos. Estava a 700 km do Brasil, preso sem terem permitido que eu comunicasse a firma ou falasse com advogado, os meus companheiros, ninguém sabia que eu estava preso e sabendo dos horrores que contavam a respeito das prisões Argentina. Ao meio dia, foi aberta a porta externa da cela. Cheguei a dar um salto, pensando ser o motivo da vinda do carcereiro. Tremendo engano, a porta foi aberta, por onde uma panela grande de alumínio com alças de arame, foi empurrada com o pé pra dentro da cela, a porta voltou a ser fechada e o conteúdo do recipiente, algo parecido com bonzo, (alimento para cães) era o nosso almoço e uma água verde doce parecida com chá de alfafa era o suco para acompanhar a refeição. Não consegui almoçar, mesmo com o apoio dos novos companheiros que pediam que eu me acalmasse que tudo se resolveria. Às 14 horas, eu não agüentava mais a dor nos rins acha que pelo frio e a umidade da cela, nervosismo etc... Como não havia lugar pra eu sentar, acabei sentando na cama mais limpa, que era a do argentino, que depois fiquei sabendo que era motorista que nem eu. Sentei na ponta do colchão e encostei-me na parede, onde dormi até as 15 horas. Após conhecer os motivos dos colegas estarem presos, comecei a ficar mais calmo, mas mesmo assim muito preocupado com a minha situação. Os presos da primeira cela eram todos menores com exceção de um que era maior de idade e estavam recolhidos por envolvimento com drogas. O outro era um rapaz argentino que foi recolhido como eu, por uma infração de trânsito. Tinha sido condenado a oito dias de reclusão por não ter usado uma lona protetora na carga que levava. O argentino maior de idade me chamava constantemente para me mostrar como tratava os seus discípulos. Dizia: Brasil, Brasil mira. Quando eu chegava à cela, ele pegava um dos guris e dava um beijo na boca e me perguntava, Tche Brasil no quieres te regalo sin te cobrar nadie. Depois começou a içar-se com as mãos, numas janelas basculantes e gritava para mim: Brasil, Brasil, Beni para ver que maravilla. Tanto insistiu que resolvi atende-lo e me dependurei na janela. Do outro lado do pátio, havia umas celas femininas, onde tinha umas gurias que colocavam os seios nas grades para que nos pudéssemos olhar.
Às 16 horas, começou a visita aos presos, e o outro motorista foi chamado e levado para uma sala onde estavam seus familiares. A partir daí, começou uma cena que me intrigou, até que descobri e usei o mesmo esquema. Eles chegavam numa pequena abertura da porta de ferro e gritavam: fulano pedi-me, fulano pedi-me. Daí a alguns minutos, vinha um guarda abria a cela e tirava o sujeito. Perguntei por que aquilo, ele me explicou que quem estava de visita pedia para visitar quem pedia e assim o guarda vinha e tirava o preso para receber a visita solicitada.
Como sabia o nome do meu colega motorista, apelei também. Gritei Robertoooo! Pedi-me, não demorou mais que dois minutos e um guarda veio e me liberou. Foi um alivio sair para o pátio, ver sol, ar puro e gente. Conversei com os familiares do Roberto até terminar a visita, tendo voltado pra cela mais aliviado. Até que aproximadamente às 17 horas, veio um guarda e pediu para mim sair e acompanhá-lo. Fui encaminhado para uma sala onde uma policial feminina escrivã passou a me indiciar e tomar todos os meus dados tirou inclusive a impressão digital dosdedos das duas mãos. Após esse cerimonial, fiquei aguardando El Juez de Culpa para receber a minha sentença. Na Argentina, Uruguai e creio que todos os Países do MERCOSUL têm um juiz de plantão que julga e condena os indiciados, em pequenos delitos. A Argentina tem as províncias independentes, cada uma tem sua jurisdição própria. Só depois fiquei sabendo que por esse motivo, eu fui arrestado (preso) e condenado. Também lá, as infrações de trânsito são acompanhadas de prisões temporárias dependendo do delito cometido. Voltando a cadeia, após ser qualificado, identificado e esperar o julgamento, comecei a receber propostas para em cada viagem que fizesse levar não mais que um kg de cocaína, segundo o informante, eu ganharia em cada viagem o que eu não ganhava em um mês levando carros 0 km para a Argentina. Fingi concordar, para não criar animosidade com meus colegas de cela. Aproximadamente às 18 horas, vieram me levar para ser julgado. Cheguei numa sala ampla, havia um Senhor com óculos de grau onde mandaram que eu sentasse em frente do mesmo. Comecei a falar sem parar, creio que por causa do nervosismo, reclamei pela presença de um advogado, pedi para ligar para a minha empresa, perguntei o crime cometido para estar ali preso, enfim, fiz uma série de perguntas quase todas ao mesmo tempo. Quando parei, o juiz me olhou por cima dos óculos e lascou:
Brasil, acá quien hace lás preguntas soy yo, hoste solo tiene que responde-las. Resultado, depois de me enquadrarem em vários artigos, fui condenado a 24 horas de detenção, como havia me comportado bem durante o período que la estava, fui solto para arrumar o caminhão e seguir viagem, se fosse pego pela mesma infração, seria arrestado(preso) por oito dias. Não perdi tempo, peguei meus documentos, a chave do caminhão e caí fora, só pedi que me dessem um comprovante que eu estava preso para mostrar na empresa e justificar o meu atraso. Deram-me uma declaração, que eu usei para divulgar no Brasil a arbitrariedade da policia Argentina. Para ornamentar ainda mais esta história, após entregar o caminhão em Córdoba, eu e outro colega estávamos em um trevo na saída da cidade, tentando conseguir uma carona, quando fomos abordados por uma viatura da polícia local com três policiais, que mesmo mostrando nossos documentos e documentos da empresa, não foi o suficiente para que eles nos revistassem e abaixo de ofensa a nós e ao nosso País, nos obrigaram a abrir nossas sacolas e tirar todos os nossos pertences, os quais foram jogados na terra e revirados coma a ponta de seus cassetetes. Só nos deixaram em paz, após conseguirem 12 pesos, três para cada um deles. Este episódio, foi fundamental para a minha desistência, trabalhei mais uns 30 dias e pedi as contas na firma.
PERIGO
domingo, 25 de setembro de 2011
O ENCONTRO
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
CONTINUAREMOS
incomodádo até o fim do seu mandato. Que pena que o Pres. da ABAMF, prometeu uma coisa e decidiu outra, é claro que ele pensa ter resolvido a situação da sua classe, esquecendo que com isso criou um abismo para outras lutas que poderão vir no futuro. Com que confiança poderemos voltar a nós unir no futuro?
terça-feira, 20 de setembro de 2011
PROTESTO
O COMBTE DE PORONGOS
Sou de lá com muito orgulho,
A África é minha terra
São de lá minhas origens
Eu me sinto abichornado
Quando penso no meu povo
Como é que Deus permitiu
Tamanha barbaridade
Como é que a humanidade
Aceitou tal situação
Concordou com a escravidão
Sem nenhum constrangimento
Fui arrancado de lá
Cabresteado para cá
Sem o meu consentimento
Em feiras Eu fui vendido
Fui tratado como bicho
Valia menos que lixo
Para os donos desta terra
Eu habitei as senzalas
Das querências deste pago
Jamais senti um afago
Que não fosse do Feitor
Meu ungüento foi o sal
Que neste pampa bagual
Foi usado para o charque
Matéria prima de então
O escravo foi a mão
Usada para esse fim
Eu não consigo entende
Porque me trataram assim
Sou humano como os outros
Tive uma Pátria um País
Tive família e um povo
Fui cidadão, fui feliz.
Eu quero que me respondam.
Qual foi o crime que Eu fiz.
No ano de trinta e cinco
Alvorotou-se a senzala
Um comentário geral
Chegou aos nossos ouvidos
Que lá na Ponte da Azenha
Os Imperiais foram vencidos
Perdendo a Capital
Ecoou pelo Rio Grande
Um grito de liberdade
Diziam que a sociedade
Seria bem diferente
Se Eu, lutasse pela causa
Ganharia a alforria
Era esse o presente
Acreditei na promessa
Desta vez Eu vou ganhar
Com vontade vou lutar
Pra Ter paz e uma família
Vou me unir aos Farroupilhas
Ir pro lado que me agrade
E jamais ver uma grade
Um tronco ou uma senzala
Minha casa vai Ter sala
Como a dos outros tem
Vou lutar pra ser alguém
Criar plantar e colher
Os meus filhos irão Ter
Direitos hoje negados
E as tristezas do passado
Nunca mais iremos ver
Fui traído novamente
Não tive paz nem família
Minha união com os Farroupilhas
Não passou de ilusão
Quando hoje a tradição
Enaltecem os seus feitos
Eu não consigo enxergar
Onde estão os meus direitos
Foram dez anos de lutas
Em combates memoráveis
Mas decisões lamentáveis
Mancharam a nossa história
E as inúmeras vitórias
Para mim foram fracassos
A lança de puro aço
Que com fibra Eu empunhei
Que os inimigos matei
Com coragem e ousadia
Jamais pensei que um dia
Fosse usada contra mim
Este é o meu lamento
Minha dor minha ilusão
Eu cultuo a tradição.
Sem ódio nem preconceitos
Mas também tenho o direito
De procurar à verdade
Quero Ter a liberdade
De saber como foi feito
Diz a história que Caxias
Escreveu para Moringue
Coronel quero que finja.
Um acerto com Davi
Pois a ele Eu, prometi.
Livrá-lo dessa enrascada
De libertar a negrada
Quando a guerra chegar ao fim
O resto deixe pra mim
Que a paz será assinada
Em quatorze de novembro
Do ano quarenta e quatro
Conforme diz o relato
Que se mantém em segredo
Um General Farroupilha
Que jamais foi surpreendido
Facilmente foi vencido
Pela malícia e astúcia
Do Coronel Chico Pedro
Para a paz ser assinada
Exigiram o meu fim
No massacre de PORONGOS
Nos campos de Santa Tecla
Acabou a esperança
De liberdade pra mim.
1º. Lugar categoria inédita no 1º. Festival Tributo a Jayme Caetano Braum – O Imortal Pajador das Américas;
2º. Lugar na 5ª. Edição da Ronda da Poesia Crioula, organizado pelo Grupo Cultural Vozes do tempo
Semana Farroupilha
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
CURTIÇÃO
ve a felecidade reunir todos os filhos e netos, por ocasião do casamento do filho caçula, que mora em Sapiranga. Me programei para ir em alguns galpões, mas só fomos no CTG Sentinelas do Planalto e com a mudança radical do tempo, não foi possivel sair mais, me restou curtir a gurizada em casa, o que foi muito gostoso.
UM FELIZ DESFILE A TODOS
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Não a Proposta
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
O DECRETO
Agradecimento
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
SEMANA FARROUPILHA
Com muitas críticas a favor e contra, inciou hoje em nossa cidade as comemorações da Semana Farroupilha. Eu posicionei-me contra o absurdo desse decreto de proibição de circulação de cavalos no centro, desde o dia 07 de setembro quando não permitiram que os gaúchos a cavalo participassem do desfile, quando a prefeitura na voz de sua representante numa rádio local, justificou-se que não poderia castrar a vontade dos funcionários de desfilar, mas foi enfática ao apoiar a proibição dos que se encontravam a cavalo em participar de um ato cívico e livre num
País democrático. Me disse sem ser perguntado o Pres. da Câmara de Vereadores, que o fatídico decreto seria cassado hoje a tarde. Tomara que seja, para que parem as gozações em relação a nossa cidade. Creio que ordem, deveria ser discutida e aprovada, mas por todos os participantes e não por poucos que nada sabem e pensam que sabem tudo. No meio das contestações Farrapas, aliou-se o nosso protesto contra o absurdo oferecido pelo Governo. Sou da opinião que não devemos sob hípotse alguma aceitar a migalha que nos foi oferecida. Tomara que tudo volte ao normal e
os gaúchos a cavalo, possam desfilar ordeiramente pelas ruas da cidade até o dia 20 de setembro.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
PROTESTO
Esta foto foi a vigília feita durante toda tarde, onde recebemos a participação importante de vários colegas e uma visita que nos agradou muito, foi a presença do Pres. do Sindicato dos Comerciários o nosso amigo João Carlos que foi solidarizar-se conosco. Agora vamos aguardar o resultado da primeira reunião ocorrida hoje a tarde e que deverá ser decidido em outras reuniões subsequentes.
A luta continua
domingo, 11 de setembro de 2011
PROTESTO
sábado, 10 de setembro de 2011
INACREDITÁVEL
Decreto proíbe andar a cavalo em ruas de Santana do Livramento durante a Semana Farroupilha
Quem descumprir a ordem está sujeito a ter o animal apreendido
Marina Lopes | marina.lopes@zerohora.com.br
Um decreto assinado pelo prefeito Wainer Machado (PSB), de Santana do Livramento, uma das mais gaudérias cidades da Fronteira Oeste, vem causando polêmica.
O documento proíbe, entre outros itens, que durante a Semana Farroupilha pessoas circulem montadas a cavalo em 10 ruas e avenidas do centro do município.
Quem descumprir a ordem está sujeito a ter o animal apreendido além de pagar despesas de remoção e diária do local onde ficará o animal.
O decreto está em vigor até o dia 25, com a exceção dos eventos da chegada da chama, nesta quarta-feira, e do 20 de Setembro. No desfile de 7 de setembro, o veto aos cavaleiros gerou confronto entre a Brigada Militar e um grupo que insistiu em desfilar.
Com mais de 10 anos de desfile, o narrador (único credenciador pelo MTG na cidade) Júlio Camargo Santos, 46 anos, acha “ridícula” a proibição.
— Preparamos os cavalos o ano inteiro para deixá-los bonitos para o desfile. As pessoas querem andar a cavalo neste período e, de forma ordeira, não vejo problema. O decreto coloca baderneiros e gente séria no mesmo lugar — reclama.
Para o prefeito, não há motivo para polêmica. As regras, segundo ele, garantem a segurança da população e deixa os festejos mais organizados.
>>> Leia a reportagem completa na Zero Hora deste sábado