Minhas raízes

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Uruguaiana

sábado, 9 de junho de 2012

FARPAS

FARPA: Lasca de madeira que acidentalmente se introduz na pele ou na carne.Pois a lasca que me refiro, não entrou nem na pele nem na carne, entrou em baixo da minha unha. Como? Bem os gaúchos sabem dos afazeres de um dono de casa para manter o fogo no fogão ou lareira. Para isso, é necessário manusear astilhas - pedaços - de lenha geralmente de eucalipto, que possuem mutas felpas que facilmente penetram nas mãos, unhas ou qualquer parte do corpo que ficar no seu caminho. Os bloguistas devem estar se perguntando, o motivo deste comentário. Pois com o maior prazer explicarei o que me levou a discorrer sob o assunto.Fui - milico -desde que me conheci por gente, com 19 anos eu já servia à Pátria ,como Fuzileiro Naval e com 25 passei a servir na briosa Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul. Como militar, vivi, participei e presenciei muitos atos e fatos vividos pelo nosso País desde a legalidade em 1961 e a revolução redentora de 31 de maçro de 1964.Hoje quando o governo Federal instituiu a Comissão da Verdade,onde haveremos de lavar as nossas roupas sujas no terreiro da nossa casa, quero através de um pequeno acidente caseiro, me reportar ao passado. Ontem quando ao preparar algumas astilhas de lenha para enfrentar o rigor dos dias frios que tem ocorrido em nosso Estado,tive a infelicidade de introduzir uma farpa de quase um centímetro, em baixo da unha do dedo grande da mão esquerda.Imaginem o desconforto para tirar ela debaixo da unha e posteriormente a dorzinha incômoda que permaneceu durante a noite.Baseado neste fato, lembrei dos descaminhos tomados por algumas das nossas autoridades da época, quando sem piedade, cometaram atrocidades contras seus irmãos, pelo simples fato de pensarem diferente ou discordarem do regime político de então.Eu me considero um homem corajoso,decidido e defensor das minha idéias e procedimentos. Sempre assumi minhas responsabilidades diante dos meus atos. Mas quero confesar a minha covardia e medo da tortura.Só de pensar no sofrimento de quem passou por esses desconfortos, tremo, e creio que não sobreviveria  a esses atos bárbaros. Matar e ser morto nos desencontros e enfrentamentos que ouveram, considero parte de atos considerados aceitáveis numa guerrilha ou na defesa dos ideais do que cada lado acreditava ser o melhor.Mas torturar, um ser humano, é inaceitável e incompreensivel. Quero repetir:Vi, ouuvi e presenciei muitos acontecimentos difíceis de serem esquecidos.Fica aqui a justificativa e motivo que uma pequena lasca de madeira, me trouxe a mente, recordações que pensei estar guardada no fundo do baú da minha vida.

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