Minhas raízes

Minhas raízes
Uruguaiana

terça-feira, 30 de junho de 2009

Síndrome do pânico

O Brasil, como todo o mundo está em voltas com a gripe suína, e nós aqui do Rio Grande do Sul mais ainda. Infelizmente, o único óbito é nosso. É uma cidade muito longe da minha Sant'Ana do Livramento, mas de qualquer maneira a situação é muito preocupante para todos. Aqui dividimos nossa cidade com a cidade de Rivera - Uruguai e por isso os perigos são maiores e reais. Olhamos no jornal que o Uruguai está entre os Países vetor do vírus, mas nós que moramos aqui não ouvimos e nenhum jornal noticiou um caso real na vizinha cidade.Creio que o maior perigo é o grande fluxo de pessoas de fora desta região, que aqui aportam em busca de preços convidativos nos Free Schop por causa da baixa do dolar e os artigos de primeirissma qualidade que são vendidos. O medo existe e muito. Ontem como sempre faço, fui até a linha divisória e me surpreendi com o baixo movimento, não sei se é o frio ou o medo da gripe. O que sei é que um restaurente que sempre frequento e tem estado sempre cheio, ontem não tinha ninguem. Cheguei com um amigo, sentamos e uma garçonete veio nos atender , comentamos a respeito de não ter ninguém, ela mostrou-se preocupada, temendo o seu emprego. Na conversa que tivemos, ela nos contou que tinha chegado atrasada no seu turno, por ter socorrido um cunhada sua no interior do município, que queixou-se de muita dor de cabeça, dores no corpo e febre. Eu olhei para o meu amigo já apavorado, no mínimo nós de repente estávamos frente a frente com perigo de contaminação. Permanecemos meio a contra gosto, momento em que fomos abordado por um conhecido, que sentou junto conosco e durante uns 5 minutos que ali estava, não parou de tossir. De repente nada a ver, mas o certo é que de imediato tratamos de cair fora temerosos do vírus que está movimentando os órgãos de saúde.

domingo, 28 de junho de 2009

Sós

Levanta,arruma a cama.
Varre a casa, tira o pó.
Pensa na vida.
Que não foi perdida

Teve um amor,
Filhos e um lar.
O amor, ainda tem,
Os filhos foram embora.

Seguindo rumos diversos,
Procurando outros caminhos.
Ela senta pensativa,
Que farão esses guris ?

Desta vez não quer chorar,
Volta a seus afazeres.
Vai preparar o almoço,
O seu velho vai chegar.

Procura não demonstrar,
A dor em seu coração.
Sem perceber que o parceiro,
Também senta a solidão.

sábado, 27 de junho de 2009

PALPALÁ

Hoje quero voltar a falar da viagem a Palpalá. Saímos à tarde dos arredores de Mendonza, deixando ao fundo a cadeia de montanhas dos Andes, um visual extraordinário, é um horizonte de um branco azulado, branco pelo gelo e azul pela linha do horizonte quando o tempo está limpo. Nessa primeira parte da viagem, tivemos alguns fatos que merecem ser contados. Nessa época a Argentina estava numa grande turbulência econômica, o peso valia um peso, não mais valia 1 dolar como era antes. Essa troca, causou sérios problemas aos argentinos, a ponto de termos encontrado inclusive pedágios particulares que atacavam só os estrangeiros para achacar e pedir dinheiro na maior cara de pau que já vi. Ninguém tinha coragem de negar, porque com certeza as consequências seriam nefastas. Ao sermos fiscalizados por um posto policial isolado, dissemos que não tinhamos dinheiro eles nos pediram óleo diesel. O isolamento nessa região é terrivel, não se acha uma casa por centenas de kilometros rodados, mesmo assim, fomos surpreendidos por um trio, que usavam roupas pretas, com casacos compridos, num calor de 40 graus ou mais, carregavam guitarras e nos pediram carona, não paramos é claro, mas até hoje penso de onde poderiam ter saído. Paramos num posto de gasolina para fazer um lanche, no pequeno bazar que tinha no local, encontramos pacotinhos de folha de coca como se fossem salgadinhos, depois descobrimos que nessa região ela é consumida para enganar o estomago, tirar o sono, enfim ela serve como a canha serve para nós por aqui.Nesse primeiro dia, eu peguei a direção da carreta as 15 horas e dirigi com pequena paradas até as 03 da madrugada quando paramos pra dormir um pouco. O agradecimento pelo apoio que dei ao meu irmão, foi que ele no outro dia enquanto eu preparava o chimarrão pra seguirmos viagem, ele conferindo a média que a carreta tinha feito naquele trecho, fez o seguinte comentário: Olha carreta velha para as barberagens que tu sofreu ontem, até que tu andou muito bem. Passamos por grandes plantações de cana de açucar, o resto só que se vê, são guanacos,( uma pequena ovelha com o pescoço de girafa) por sinal muito saborosos, tem o mesmo gosto da carne bovina, burros choro, cabritos e muito deserto, mas deserto mesmo, depois conferindo num mapa que são a minha paixão, cheguei a conclusão que por onde andamos é parte do deserto de Atacama, lado Argentino. O Argentino é muito religioso, quem viaja nesse País, pode observar a quantidade de grutas, capelas, cruzes, mas o que me chamou a atenção foi a quantidade de monumentos que existe ao Gauchito Gil, são monumentos feitos com garrafas pet e grandes quantidades de fitas vermelha abanando ao vento e muitas procissões de nativos daquela região homenageando esse que dizem ter sio o Robin Hood da
Argentina, que roubava dos ricos para dar aos pobres. Passamos por extensas planíces, cuja única vegetação é a chirca e pequenos arbustos. Já próximo ao nosso destino começamos a subir pequenas montanhas, até chegar na parte mais alta onde fica Jujuy. Estávamos bem próximo da divisa da Argentina com a Bolívia, Peru e Chile.Nossa viagem terminou as 16 horas, quando estacionamos em frente a fábrica em Palpalá.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

PALPALÁ

PALPALÁ

Com certeza os Srs. não sabem o que significa esta palavra.
Mas a finalidade desta postagem e o assunto sob o qual ele versará, vai esclarecer o nome e o qual o seu significado.
Palpalá, é um vilarejo que fica no norte da Argentina, quase na divisa com a Bolívia, pertence a Província de San Salvador de Jujuy, é um verdadeiro fim de mundo, de repente pode ser por esse motivo que esse motivo que tenha acontecido o fato que relatarei nesta história.
Nessa viagem, nos passamos 21 dias entre o Chile e a Argentina, aconteceram muitos coisas interessantes nessa viagem, que possivelmente contarei numa outra oportunidade.
Estávamos eu e meu irmão Niwton popular gaudério, nas proximidades de Mendoza, vindo do Chile onde descarregamos 30 toneladas de politileno e ficamos um fim de semana num posto de gasolina aguardando carga.
Na segunda pela manhã, fomos informados pela empresa que deveríamos ira a Palpalá para carregar 30 toneladas de pó branco, que não era cocaína, era um pó que serve para dar brilho à cerâmica.
Saímos após o almoço para enfrentar 1.500 kms, praticamente de sul a norte da Argentina.
Levamos 28 horas para fazer esse percurso.
Passamos por Média água, Chepés,Chamical, La Rioja,Chumbicha,Valle de Catamarca, Andalgaia,Concepcion, Bella Vista,San Miguel de Tucuman,Rosário de La Frontera,Metán, Salta,San Salvador de Jujuy e finalmente, sem contar as dezenas de cidadezinhas e vilarejos, chegamos as 16:00 de terça feira em Palpalá.
Foi a primeira refeição que fizemos, por que na viagem não paramos nem pra comer, só fizemos lanches.
Almoçamos e ficamos esperando a ordem para carregar num estacionamento a frente da fábrica.
Comecei a conversar e descobri que o pessoal que trabalhava na fábrica, geralmente morriam aos 40 ou 50 anos de idade, se não morressem ficavam com os pulmões totalmente deteriorados pelo pó que respiravam dentro da fábrica.
Descobri ainda que no serviço bruto, a maioria dos funcionários eram bolivianos que entravam clandestinamente pelas montanhas com conivência do governo Argentino e trabalhavam por pouco mais de nada.
Fazia aproximadamente, uns 40 graus de calor, e durante a noite a temperatura chegava as vezes a zero grau ou menos.
Resolvi comprar alguma coisa diferente do que tínhamos na caixa do caminhão, subi uns peraus pra chegar até o centro da vila.
Quando lá cheguei, notei a uns 350 metros de onde eu estava, um aglomerado de pessoas e um carro de policia com as luzes piscando.
Curioso como sempre resolvi conferir o que estava acontecendo. Perguntei a uma senhora mapuche, indígenas daquela região, o que se passava lá onde o pessoal estava amontoado.
Disse-me na maior tranqüilidade, que ‘’ uma víbora havia comido um muchacho.
Como dijo lhe pregunté?
Me mirou sorrindo e confirmou a história.
Não me agüentei,esqueci do que tinha ido fazer e larguei firme pra onde estavam as pessoas.
Lá chegando, realmente fiquei impressionado com o que vi, estavam tirando um pessoa da barriga de uma cobra.
Após a policia ter saído, perguntei pra um senhor o que tinha ocorrido.
Disse-me que o que ocorreu era uma não normal, mas que acontecia por vezes quando as pessoas, cachorros, galinhas, crianças, facilitavam, a AMPALÁGUA, vinha para os devorar.
A ampalágua, é uma cobra enorme, muito parecida com a nossa jibóia ou sucuri e segundo os moradores, ela ronda o vilarejo e se facilitarem ela mata a fome com quem der sopa na sua frente. Não é venenosa e nem agressiva, só se alimenta geralmente com animais mortos e não ataca as pessoas.
Perguntei, mas como não ataca se já tinha comido o vivente.
Ele me esclareceu que o dito cujo, era um indigente, que vivia bêbado dormindo em qualquer lugar e que certamente a cobra o pegou dormindo.
O que me chamou a atenção, foi que a pessoas quando foi tirada de dentro da cobra, parece que estava envolta num goma plástica, que depois fiquei sabendo que é um suco gástrico que ela usa para digerir suas vitimas.
Resultado, quando voltei para onde o meu irmão e outros caminhoneiros e contei a história, eles não queriam acreditar, foi necessário que outras pessoas confirmassem, eu não tinha levado minha máquina de fotos, imaginem quando eu conto para as pessoas elas simplesmente não acreditam.
Se eu relatar todos os fatos que aconteceram nesses 21 dias dá para escrever um livro com no mínimo 100 páginas.

SEMANA FARROUPILHA

Os dias chuvosos, nos fazem pensar, relembrar, enfim reviver atos e fatos que um dia tiveram importância em nossas atividade.E o que me veio na lembrança e que gostaria de interagir com a nossa comunidade, principalmente os Tradicionalista, é próxima Semana Farroupilha que se aproxima.Aqui em Sant'Ana do Livramento, nós tínhamos uma Comissão Permanente, que durante 6 anos organizou, planejou e executou nesse período o evento Semana Farroupilha. Essa Comissão, conseguiu dar maior expressão histórica e turística nessa festa. Nessa época, A Comissão já estava com todos os seus grupos de trabalho funcionando a mil, até porque tem determinadas tarefas que são feitas com grande antecipação para que no dia, tudo saisse realizado de acordo com o projeto elaborado por todos e com conhecimento de todos que dela faziam parte. Jamais durante a existência dessa Comissão, se tomou alguma medida ou decisão sem que todos tivessem de uma maneira ou de outra participado das discusões a respeito. O que não é novidade, num regime democrático como o que vivemos, não se admite que as coisas não sejam claras e discutidas por todos.Essa Comissão, sempre preservou a nossa história, trabalhou até o seu ''desmanche'', pela total integração com nossos hermanos uruguaios. No tempo dessa Comissão, tivemos os maiores desfiles da região, com participação total de toda a comunidade Santanense e Riverense.Conseguimos grandes conquistas, tudo através da parceria, amizade, companherismo, dedicação e respeito pela cultura de ambos os países. Essa comisão a qual me refiro e que já não existe mais, tinha parceiros de peso, alguns sem serem tradionalistas na acepção da palavra, mas que apesar disso tudo faziam para o sucesso do empreendimento. Afinal de contas para ser Tradicionalista, existe um único requisito, ter nascido neste chão sagrado, ou adotá-lo, temos grandes defensores da nossa história, que não gaúchos. Aqui se quisermos ter sucesso, tudo a ser feito na área de lazer e turismo, é preciso pensar no outro lado da rua. Poucas iniciativas são possíveis isoladamente. Nossa situação é única, aqui é uma ''Fronteira sem Fronteiras''.Mas lamentavelmente, temos pessoas que trabalham incessantemente contra essa integração, e por incrível que parece esses pretensos líderes ímpolutos conseguem incutir na cabeça de poucos seus procedimentos radicais, nefasto e desagregador.A Comissão que não existe mais, trabalhava unida, coesa, integrada e suas decisões eram de conhecimento público. O Tradicionalismo não é de A,B ou C, ele brota ao natural e autêntico. Não tem donos, é da comunidade e do povo gaúcho. Sem os Tradicionalistas, sem o homem do cavalo e das lides campeiras, dificilmente a festa será a mesma. Os Tradicionalistas, são na maioria pessoas simples,muitas vezes com poucos conhecimentos da história, mas com certeza tem a mesma vontade férrea que tiveram nossos antepassados em defesa deste chão. Que saudades dessa Comissão que já não existe mais, ela trabalhou tão bem, fez tantos progressos. Não sou e nunca fui dos derrotados que para justificar seus fracassos dizem de boca cheia que Livramento é a terra do já teve, mas se não tomarmos cuidado de repente podemos realmente perder espaço numa área que estava totalmente sob o controle de quem tinha a responsabilidade da organização.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Naqueles Tempos

Ande pensando na vida e nas voltas que ela dá.
E as diferenças que existem, nos meus tempos de piá.
O guri daqueles tempos, não tinha paz nem sossêgo.
Nos meus tempos, só o galpão e uma cama de pelegos.

A gurizada de hoje,não se pode surrar mais.
O Conselho Tutelar, tirou o lugar dos pais.
Quem se criou em estâncias, trabalhou sem ganhar nada.
Era assim naqueles tempos, pra ensinar a gurizada.

O guri daqueles tempos, só tinha que trabalhar.
Aprender a ser campeiro, sem direito a estudar.
Levantava bem cedinho, pra buscar a recorrida.
Trazer as vacas de leite, e se preparar para a lida.

O guri daqueles tempos, tinha talento e respeito.
Tenho orgulho em ter sido, criado assim desse jeito.
Sou velho com muito orgulho, fui um guri do passado.
E graças aqueles tempos, tornei-me um homem honrado.

Outros tempos

Sim, outros tempos. Nos meus tempos, que já vão longe, os anos, os meses, as semanas, os dias, as horas, os mimutos, levavam uma eternidade para passar. Não existia nada, mas nada mesmo, que pudesse distrair um cristão, a não ser o serviço, dormia-se cedo e levantava-se cedo, mas muito cedo mesmo. Não existia rádio, televisão, telefone, as notíciais a gente só ficava sabendo semanas depois ou mesese depois, quando chegava um andante, que bem informado tornava-se a atenção de todos do lugar. A beira de um fogo no inverno ou na sombra acolhedora de paraíso, todos o cercavam para saber das novidades do que ocorria em outras localidades ou cidades. Assim eram os outros tempos, dificeis, complicados, penosos as vezes, mas tranquilos, sem o que vemos e ouvimos no dia a dia de hoje. Pois é, mas tudo mudou e tinha que mudar. Só que essa mudança veio com violência, desrespeito, insegurança, fragilidade da família, desintegração social, enfim a humildade, o desconhecimento de muitas coisas, foram trocadas pelo progresso, que junto carregou todos os nossos problemas e complicações sociais com qual nos deparamos nos dias de hoje. Quando vejo que meus netos e tataranetos terão sérios problemas ambientais no futuro, me pergunto, será que valeu a pena toda essa parafernália tecnológica que nós é oferecida nos dias de hoje, se logo ali teremos problemas insolúveis com a natureza? Não sei e sinceramente, nao saberia analisar por esse lado, o que sei e tenho certeza é que não estarei mais por aqui quando isso acontecer, mas que também tenho certeza que se pudesse e tivesse ao meu alcance eu tudo faria para que o futuro não fosse tão assustador como divulgas boletins e informações de órgãos que estão atentos para essa mudanças.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A PESCARIA

Quem nao gosta de pescar? É claro que nesta época, poucos se arriscam a essa atividade, mas quem pesca sabe como é gostoso um pesqueiro no inverno. Fogo grande, saindo uma fumacinha da água, as linhas correndo ou beliscando, são coisas que fazem parte da atração do pescador na tarefa de enganar o peixe ou ser por ele enganado. A pescaria de hoje, aconteceu já faz alguns anos, ou melhor muitos anos, mas em toda pescaria sempre tem um história, termina a canha, molha os fósforos, falta cigarro aos fumantes, chove e molhas as cobertas, enfim sempre acontece uma porção de fatos que quando contados, sempre são caracterizados como mentira de pescador. Mas na maioria das vezes os fatos acontecem mesmo. Lá pelos anos 70 e poucos, eu servia como sempre fiz durante todo o meu tempo de milico no 2º. Regimento o Heróico. O meu colega 3º. Sgtº. Chapa que não era o seu nome e sim o apelido, porque em quartel é muito difícil ser chamado pelo nome, todos inclusive os oficiais têm apelido, mesmo que estes sejam chamados pelo apelido, sempre na sombra, pelas suas costas, etc... e tal. Bem o Chapa, não era os chapas de hoje que fazem plantão para descarregarem caminhões, esse era chapa porque trabalhava nas oficinas e sua funçao era chapear os carros batidos pelas barbereadas do motoristas feito a facão daquela época. Bem o Chapa, fazia parte de um grupo de pescaria, grupo este composto por 6 colegas, dois tomavam conta do acampamento, dois pescadores e dois encarregado de caçar alguma coisa para a bóia. Nosso grupo levava todos os ingredientes para a comida. Numa dessas pescarias, eu fiz na primeira noite um carreteiro campeiro, chegamos muito tarde, não deu pra caçar nada. O Chapa que ajudou a montar o acampamento, procurou um pesqueiro e ficou por ali dando boia pros mosquitos. A noite chegou, eu aprontei a comida e gritei pra ele: Tche Chapa a bóia tá pronta. Ele respondeu de onde estava: Tche, agora começou a dar uma beliscada nas linhas, bota a bóia na minha marmita e deixa que depois eu como. Como bom parceiro, tirei o carreteiro quente, coloquei na marmita de alúminio e levei pra ele. Disse-me deixa ai que eu já vou comer to loco de fome. Larguei a marmita e voltei ao acampamento. Passou uns 15 minutos, o Chapa gritou de lá: Tche mas como tá boa essa perdiz. Eu que tinha cozinhado, extranhei o comentário. Gritei, tche Chapa mas que perdiz tu tá falando, se nós não demos um tiro hoje. Ele respondeu, mas o que foi que eu comi então? Peguei uma lanterna e fui lá ver o que ele tinha comido. Chegando lá conferimos e custamos entender o que ele tinha comido. Após uma investigação rigorosa, descobrimos o que aconteceu. Eu larguei a marmita com o carreteiro quente, certamente o cheiro atraiu uma perereca que saltou em cima da comida e morreu queimada. Ele no escuro, pensando que era um perdiz, comeu até os ossos do bichinho. O único comentário dele tranquilo, foi: Tche agora não adianta reclamar, mas que tava boa, tava.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Velório da Cruz

Pois é, lá no Plano Alto onde eu nasci a poucos anos, existia o velório da cruz. E aqui onde resido hoje, Sant"Ana do Livramento, quando conto nas rodas de amigos os velórios de cruz que participei, ninguém acredita, dizem, lá vem o Medeiros com suas mentiras.
Mas a realidade é que realmente existia e eu participei de muitos, são usos e costumes de cada região, que as vezes quando contamos, parece mentira mas não é.
É lá no Plano Alto, quando morria um vivente, ele era velado primeiro sem o caixão, o caixão só depois que o Ferreiro Aristides Sigaran fazia de tábua bruta, mas bem feito, bem lixado e se a familia do morto tinha alguns pilas sobrando, vinha inclusive invernizado. Enquanto era feito o caixão na ferraria, o morto era colocado em cima de uma mesa, tapado com um lençol ou pano branco com quatro velas acesas em cada canto da mesa. O velório corria tranquilo para os amigos que aproveitavam o ato para churrasquear ( comer uma carne assada ), botar as fofocas em dia, tomar um cafezinho com bolo frito ou bolacha, e nas entrelinhas, tomar um bom trago de canha, porque a branquinha, as vezes faltava o defunto mas a canha não, essa era presença obrigatória em eventos dessa natureza. Chegava o caixão, era feita a transferência do corpo, da mesa , para dentro do mesmo e a prosa corria flouxa entre os presente. Decorridos os trâmites regulamentares, o dito cujo era enterrado e todos os presentes e os que por um motivo ou outro nao puderam comparecer no velório, se preparavam para o '' velório da cruz '' que geralmente ocorria 30 dias após o falecimento e enterro do morto. A justificativa para tal ato, era que o ferreiro Aristides que se transvestia de carpinteiro para fazer o caixão, passava a desempenhar a sua real função. E como tal, fazia a cruz de ferro, que nao era aquela decoração que geralmente os Generais ganham por atos de bravura, essa era uma cruz que após velada durante uma noite inteira, no outro dia era levada com muito respeito para a sepultura do morto, onde a partir daí, serviria para identificar quem e quando tinha morrido o vivente. O Plano Alto, que é uma vila e fica no muncípio de Uruguaiana, distante 70 kms da cidade, quando morria alguém, era um acontecimento que movimentava os moradores da vila. Geralmente naquela época os mortos não eram como hoje, que o vivente morre e logo desancam o defunto colocando todos os seus defeitos para conhecimento de todos, naquele então, os mortos eram tratados com muito respeito. Esse era um dos motivos, que o velório da cruz era muito esperado. Além de servir para ratificar as qualidades do morto, servia ainda para um encontro entre os amigos e vizinhos, regado com as mesmas iguarias do velório propriamente dito. Portanto, sugiro que os jovens perguntem a seus familiares mais velhos, que com certeza eles terão histórias e fatos que divergem de região para região e que poderão serem utilizadas em trabalhos literários de conhecimento histórico para quem interessar possa.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

GM

Foi realmente assustador o anucio da concordata da maior fabrica de automóveis do mundo, a GM. Felizmente para o Brasil, segundo os diretores dessas montadoras aqui não aconterá nada, pelo contrário elas crescerão.
Esse fato, me veio a memória um fato acontecido enusitado, acontecido la pelos anos 88.
Nessa época eu era 1º. Sargento e servia no 2º. Regimento de Polícia Montada em Livramento, nesse dia estava de chefe da ronda, minha responsabilidade era das 03:00 as 06:00. Fazia um friou de renguia cusco, caia uma geada muito grande.
Assumi meu posto e resolvi dar uma volta nos postos que faziam a segurança no quartel,
Após ver que tudo corria bem, me dirigi para as baias, onde sempre tinha uma lareira com fogo grande e acolhedor na madrugada gelada.
La chegando, me deparei com o cavalariça, o sd que fazia o pernoite naquela área, sentado na beira do fogo, acordado.
Disse-me que tinha perdido o sono e tava fazendo um tempo por ali.
Começamos a conversar, quando ele me disse muito contente que tinha comprado um carro.
Minha alegria foi automática, lhe parabenizei pela iniciativa, pois logo ele seria reformado e teria um meio de transporte para passear com sua familia.
Perguntei-lhe que tal era o carro e que marca.
Disse que tudo esta nos conformes, era fusca, carro econômico e resistente.
Não satisfeito, voltei a fazer-lhe uma série de perguntas, tais como:
Como estava de pintura, pneus, documentaçao, lataria, parte elétrica, enfim perguntas rotineiras que sempre se faz não pela curiosidade, mas sim querendo dar um apoio para o subordinado tivesse feito um bom negócio.
Respondeu-me, que tudo estava bem, a pintura, tinha inclusive as notas, os papéis tudo em dia, estofamento novo, veio inclusive com o tanque cheio.
Satisfeito com as respostas e já convicto que o rapaz tinha feito um bom negócio, lhe desejei muito sucesso com o carro e resolvi dar mais uma volta para ver como estava o serviço.
Quando cheguei a porta, lembrei me de fazer a última perguna para certificar -me que tudo estava bem como o carro do soldado.
Lasquei preocupado.
Tche compenheiro pelo que vejo o teu carro está stander, só falta me dizer como esta de motor, está funcionando bem ?
O que ele respondeu prontamente:
Olha Sargento motor sim não tem, tá faltando.
Simplesmente virei as constas e fui fazer a minha obrigação.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Prost

Esqueces tuas mazelas
Esqueces tuas tristezas
Esqueces teus sofrimentos
Esqueces que por momentos

Sacias sem ter prazeres
Pra ganhar alguns trocados
Em berços de relva úmida
Nas praças, que são teu lar

Eu quero te amar
Aninha-te, nos meus braços
Esqueces os teus fracassos.

Eu, te darei o perdão
Vou acolher-te sorrindo
Esquecer os teus defeitos
Vou te dar meu coração

* Classificada no 1º. concurso ''Transportando Emoções''
organizado pela AJEB ( Ass. de Jornalistas e Escritoras do Brasil )
Publicado na Agenda VirArte 2007

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Uma Tragédia

Ainda estamos consternados com o acidente que vitimou dois coronéis e um soldado da Brigada Militar do Estado no alvorecer de um dia que ficará marcado para nos Brigadianos ,em Caçapava do Sul. Nossa familia e as familias dos demais motoristas do 2º. Regimento de Policia Montada sediado em Santana do Livramento, passaram muito próximo desse acontecimento. A vitima entre eles foi o Sd Adolfo, mas poderia ser qualquer um dos motorista dessa Unidade e entre eles meu filho que desempenha a mesma funçao. Achar culpados nesse momento, seria uma falta de consideração a todos eles, não só ao motorista como aos dois oficiais supereriores que foram vitimados nesse acidente. Mas penso que seria um momento propício para os motoristas se unirem e juntamente com os seus superiores, tirarem lições desse trágico acontecimento. Repensar, horários de viagens, intervalos necessários para um descanso reparador e seguro para sairem para enfrentar longas viagens. Creio que essa seria a medida mais certa para a segurança de todos e a tranquilidade de nós pais, que a cada viagem, ficamos nas expectativa dos horários de chegada e retorno de nossos entes queridos