Minhas raízes

Minhas raízes
Uruguaiana

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Reflexões - 4

A partir de hoje quando o tema for Reflexões, serão numerados para melhor identificá-los. As vezes me pegunto como consegui chegar a ser um Fuzileiro Naval. Lembro que até hoje meu pai com 96 anos, diz para seus amigos com muito orgulho: Meu filho foi Naval. Sinceramente não sei se ele sabe o que é ser um Naval, mas o que sei é que ele diz isso com muito orgulho. Eu fui um peão de estância até os 18 anos, grosso como dedo destroncado e ainda com pouca cultura. Mas a cultura que a Tia Beda e as outras Professoras la do Plano Alto me ensinaram, foi fundamental para que eu conseguisse passar no concurso do Grupamento de Fuzileiros Navais de Uruguaiana. Quando eu cheguei na Marinha, o Grupamento era formado por muitos bolas sete e eu curioso quis saber o que significava ser bola sete, e como naquela época diziam de boca cheia no quartel que gaucho era bunda mol, eu quis ser bola sete pra mostrar que eu não era bunda mol. Bem só hoje eu entendo porque me deram baixa quando eu pedi enganjamento. Só que quando me deram o desligamento, eu era outra pessoa, o peão de estância que havia chegado acanhado e tímido, tinha ficado pra traz e com certeza essa mudança foi que me possibilitou todas as conquistas que tive na vida até o dia de hoje.E agora depois de muitos anos longe, tive a felicidade de através de um grande amigo , Irineu Jardim chegar até um colega de turma, o Ayres Jardim e através deste encontrar outros colegas e hoje com muito orgulho, fazer parte dos Veteranos da AVCFN.E essa volta me possibilitou recordar e relembrar os bons tempos de Fuzileiro. Quando fui desafiado por um colega para que contasse as histórias do Ivo, lembrei do meu batismo de fogo que não foi no Ivo e sim no Caberé da Suzana que todos nós conhecemos. Eu tinha saido da condição de aquartelado para fazer parte dos lincenciados que tinha o direito de baixar terra e zuar pela noite Uruguaianense. Foi nessa condição que numa noite de festa eu recebi a missão mais importante do grupo. Me disse o Jabá que foi o chefe da favela, pensão onde moravam 23 fuzileiros e um guarda noturno. Tche baiano tu é um cara novo e tem começar a sentir a responsabilidade de ser um verdadeiro fuzileiro. Hoje nós vamos ir na Zusana e a tua missão é se caso der qualquer problema tu não deixar ninguém chegar perto do telefone. Estufuei o peito de orgulho e assim que chegamos no Cabaré, localizei o telefone em um canto em cima de uma mesinha. Após localizado o meu posto de serviço, fiquei atento. Tudo estava tranquilo até que estorou o bochincho la pelas três da madrugada. Eu prontamente me dirigi ao telefone pra não deixar ninguém usá-lo, foi quando uma gringa de um metro e setenta se aproximou e quis pegar o telefone pra chamar o meganhas eu prontamente me interpús no seu caminho. Foi exatamente nesse momento que ela me deu bangornaço no ouvido que me atirou longe e usou o telefone ao seu bel prazer. O tapa que levei no ouvido não foi tão dolorido, dolorido e constrangedor foi o comentário no quartel no dia seguinte, inclusive numa instrução no mato do cacaréu um instrutor se refeiu a minha pessoa da seguine maneira:Ô fuzileiro, você que é bom telefonista, diz pra turma como se faz pra que não usem o telefone quando sua missão é não permitir o seu uso. Foi com fracassos como esse que acabei sendo mais tarde respeitado e considerado um bom parceiro. Só que esse sucesso me custou o desligamento e a frustração dos planos que eu tinha em relação a continuidade da minha carreira

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Reflexões

Aqui estamos novamente, com o mesmo título, Reflexões. Acho que me apaixonei por este título, recorro ao dicionário para ter a certeza que ele realmente me faz dizer o que penso, então vejamos: REFLEXÃO - retroceder, reproduzir, pensar, meditar, etc... Bem felizmente estou no caminho certo, chego a pensar que reflexões, me recordam a flexões que eram pagas como castigo, que o Cb Fn Batista ou os Sds Fn Pedro determinavam , paga 20 por qualquer rateada que o aluno desse. Mas hoje, quase ao término de 2009, escutando através do blog da AVCFN-RS a canção CISNE BRANCO que entre tantas estrofes, diz QUANTA ALEGRIA NOS TRAZ A VOLTA, amigos com os olhos cheio d'água retorno la em 1961 quando então jovem cheio de vida e esperança no futuro, com o peito estufado de orgulho, desfilava garbosamente ao som da nossa querida Banda Marcial. No último dia 15 de dezembro, tive a oportunidade de partilhar mais uma vez a amizade e o companheirismo dos colegas veteranos, Bottaro e Aires. Pernoitei na casa do Aires no Bairro Guarujá as margens do Rio Guaiba em Porto Alegre, tivemos a oportunidade de enquanto degustavamos alguns quitutes e umas geladinhas, lembrar dos tempos áureos, quando curtimos com muitos companheiros o orgulho de ostentar a farda caqui dos Fuzileiros Navais. Histórias foi o que não faltou, lembramos dos Fuzileiros 104, Covero, Romildo, Munhoz, Veludo, Zé da Hora, Quarentinha, Sucuri, Panitz, Vilobaldo, Sgts Wilson, Gurgel, Roque, Moyses, Rubens, Soares, bem foram tantas lembranças que nos trouxeram a volta dos áuereos tempos. Fiquei triste de não poder participar de um almoço de confraternização na Ilha dos Navegantes patrocinado pelo Pres. Aymone, tinha outros compromissos e não foi possível ficar. Fui provocado para contar algumas histórias do nosso tempo, inclusive sob o cabaré do Ivo que hoje é história em Uruguaiana, o seu mausoléu e visitado por milhares de pessoas e sua carruagem o seu táxi da época encontra-se no museu , onde era o antigo QG da 2ª. Divisão de Exercito, tenho certeza que muitos fuzileiros andaram de carona com o dito cujo.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Reflexões

Reflexões, gostei do titúlo, por isso vou repeti-lo. Hoje como todos os seres humanos, estamos envolvidos com o Natal e Ano Novo. Que me perdoem os católicos ou aqueles que praticam qualquer outro tipo de religião, eu sempre fui descrente, um pouco desligado das atividades que se preocupam com a alma, o espirito, enfim sempre me preocupei em sobreviver, em lutar para tirar não a cabeça, mas o nariz para fora d'água e respirar, o que nem sempre foi muito fácil, mas também não deve ter sido muito difíciel porque aqui estamos e pretendemos ainda ficar por mais uns longos anos aqui na terra. Voltando ao pensamento natalino, tenho ao longo de muitos anos analizado as mudanças e cheguei a seguinte conclusão, o Natal está perdendo de goleada para o Ano Novo. Eu sempre contestei essa data, e não conseguia entender o porquê de tanta gente ganhar presentes e a maioria não ganhar nada. Nunca conseguia entender porque o Papai Noel sempre era branco e discriminava não só os negros mas os de qualquer raça que não tivessem dinheiro ou posição na sociedade. Nunca fui muito simpático ao velhinho, na realidade nunca gostei dele, ele sempre trazia presentes lindissimos para os ricos ou remediados e para os pobres como eu e tantos outros as vezes sobrava umas balinhas atiradas de longe sem ao menos parar para um papo amigável. Ainda para me ajudar nas relações inamistosas com o velhinho, os lugares por onde passei ele nunca teve muita importância o que me deixava de uma certa maneira satisfeito. Me criei em campanha onde não tinha natal, ano novo, aniversário e outras tantas coisas que se comemora na cidade, de repente seja por isso a minha aversão so nosso bom velhinho. Para completar, servi 4 anos e meio na Marinha de Guerra do Brasil, com Fuzileiro Naval e 24 anos e 6 meses com Policial Militar na Brigada Militar do nosso Estado e como todos sabem, milico não tem direitos a essas solenidades, milico tem que cumprir com os regulamentos, se estiver de serviço ou cumprindo alguma missão especial, cursos, etc... o velhinho não tem a menor imprtância, o ano novo ou qualquer outro tipo de comemoração, é claro que todos essas atividades foram motivo para eu não dar a mínima não só ao velhinho mas a outras atividades e comemorações que são normais na sociedade e na familia. Mas mesmo não simpatizando com o bom velho, tenho analizado que ele perdeu o seu poder de sedução, até as criança já não consideram tão importante como outros tempos, o que tornou-se importante em relação ao seu nome, foi apenas a data comercial, onde interessa até para quem realmente crê no bom velhinho. Neste meu análise que tenho certeza muitas ou a maioria das pessoas não vão concordar, vejo durante o dia a dia de cada um, as agressões não só físicas como verbais, pessoas que tratam mal a todos que nesta data pensam com um presente resolver tudo, colocar uma pedra em cima do mal que fizeram o ano todos. Em compenssação, o Ano Novo reflete-se maior integração entre familiares e amigos, que reunem-se sem a necessidade dar presentes e sim com a única e específica finalidade de estarem juntos, confraternizando e nessa confraternização, só estão juntos aqueles que realmente gostam uns dos outros e que sentem-se bem e realmente trocam gestos carinhoso com as pessoas que lhe são importantes.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Reflexões

Queridos amigos, cá estou, perdido, desiludido,perplexo, sem rumo, na realidade já não sei o que é certo ou errado. Me parece que hoje o errado é o certo e o certo passou a ser o errado. Meu pai criou a todos nós, seus filhos e os pais de toda a nossa geração, também os criou ensinando o que era certo e o que era errado. Os anos passaram-se, a vida continuou sendo vida, mas de maneira diferente, o avança teconológico atropelou os costumes e tudo virou uma verdadeira balburdia, onde não mais agir corretamente é o certo, o certo é agir indevidamente em todas as circunstâncias. Corrupção, roubos, fraudes, aconchavos, maracutais, cambalachos, safadezas, encontram-se em todos os seguimentos sociais. É comum os noticiarios divulgarem enes arbitrariedades e mais comum ainda, são as formações de CPIs, Comissões de Inqueritos, Comissões de Ética para julgar o procedimento dessas arbitrariedades que são noticiadas e que geralmente os resposáveis são autoridades, políticos, governos, ministros, cargos de confiança etc... Mas o mais comum e que já tornou-se corriqueiro são os resultados apresentados por essas formações encarregadas de identificar e punir os culpados, elas em 90 por cento dos casos, não acham culpados e os 10 por cento restante que conseguem achar algum culpado que na maioria das vezes são os chamados peixes pequenos, jamais vão a julgamento. Pois dentro desse quadro estarrecedor de coisas erradas, ainda existia uma instituição que merecia respeito, mas que também por atitudes tomadas por seus dirigentes, vinha perdendo espaço e credibilidade. Mas mesmo assim, em encontros, congressos ou convenções, pregava a moralidade em primeiro lugar, gritava aos quatro ventos a maneira correta de agir e vestir, quem não rezasse por seus regulamentos, com certeza sempre enfrentava punições severas ou a expulsão sumária de seus quadros. As pessoas na maioria obedeciam por medo ou por falta uma postura contraditória em relação as penas sofridas. Esta Instituição é o MTG - MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAUCHO, segundo seus dirigentes e muitos seguidores, o último baluarte da moralidade em nosso Estado. Eu apesar de seguidor desse grupo, mas por não concordar com certas filosofias e atitudes de seus dirigentes e ainda por já ter tido alguns enfrentamentos, olhava com uma certa desconfiança o movimento. Pois a casa caiu gente, o seu líder maior, Presidente do MTG, cometeu um ato ilicito, recebeu por quase dois anos dos cofres públicos sem ter trabalhado segundo as noticias que chegam até nós. Até ai tudo bem, nada de novidade, o Sr Pres simplesmente é mais um de tantos outros que andam por ai. O que é estarrecedor companheiros e leitores, é que quem deveria punir, tomar uma atitude drástica em relação ao assunto, é um dos maiores defensores do culpado, a ponto de conseguir inverter os fatos, transformando o culpado em vítima e com isso obteve o apoio irrestrito de todos os 30 Coordenadores de Regiões no apoio a esse Pres. para que além de não ser punido, seja candidato único a uma nova eleição. Sinceramente, estou sem rumo e perdido, já começo a acreditar que o errado sou eu em criticar quem não trabalha e recebe, tenho dúvidas em afirmar que certo é o operário que para receber um salário mínimo, tem que trabalhar todos os dias úteis da semana. UMA FELIZ FESTAS A TODOS E ATÉ 2010.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Contos da Caserna

A LANCHA
Corria o ano de 1962, o Nicácio servia como Fuzileiro Naval no Destacamento de Fuzileiros Navais na cidade de São Borja.
Entre tantas atividades inerentes a função dos Fuzileiros, tinha uma que era disputada por todos e que seguidamente eles trocavam entre si as escalas ou tiravam o serviço em dupla.
Essa missão era o de guarda da lancha no rio Uruguai.
A lancha: Bem a lancha era um meio de transporte fluvial para diligências ou patrulhas que eram realizadas no rio que faz divisa do Brasil com a Argentina.
A patrulha é claro eram feitas no lado brasileiro, a não ser o que o responsável às vezes sem saber ou intencionalmente ultrapassasse a linha imaginária que dividia os dois Países.
Quando o comando estava com o Cb. Paiol, bem ai tudo podia acontecer, porque ele não tinha limites em suas ações.
As patrulhas tinham o objetivo de inibir o contrabando ou descaminho de café, açúcar e pneus para o lado Argentino e farinha, cebola, azeite e carne para o lado brasileiro.
Fora esses detalhes, a missão mais importante era a soberania nacional sob as águas fluviais brasileiras e o que levava a todos que participavam ter uma grande honra em desempenhar tal missão.
Além disso, quando a lancha não estava em patrulha, ficava ancorada na costa brasileira, num pequeno porto sem trapiches que ficava nos fundos do destacamento.
Todos os dias tinham fuzileiros escalados para permanecer na lancha com o objetivo de guardá-la e protegê-la de qualquer dano.
Ai começava os problemas da história que estamos contando.
A lancha, além de todos os apetrechos correspondentes a uma unidade militar, tinha objetos normais e inerentes a uma atividade fluvial e militar, indispensáveis a uma missão como aquela.
Ela, a lancha, possuía em sua proa um pequeno alojamento com duas camas, uma a bombordo e outra a estibordo, essa comodidade, possibilitava que sempre que o Fuzileiro que estivesse de serviço, se lhe agradasse, podia levar um companheiro para não ficar isolado na missão.
Dificilmente ficava só um, sempre havia um companheiro e para que não ficassem os dois sozinhos, era normal que as namoradas de ambos os acompanhassem, o que acabava complicando tudo, porque afinal, a lancha era uma unidade militar e era expressamente proibido pelos regulamentos militares que civis permanecessem em áreas militares, principalmente se fossem do sexo feminino.
É claro que o sacrifício das namoradas era para não deixar seus amores sozinhos em tão árdua missão.
As enchentes, sempre foram da normalidade da região, mas quando o rio estava cheio, realmente a missão era complicada e muitas vezes arriscadas.
Numa dessas enchentes o rio estava de barranca a barranca, a correnteza muito forte, com grandes toras descendo rapidamente, a água turva e grandes remansos, a lancha ancorada a mais de 50 metros da margem, sem parar, balançando-se nas ondas de mais de metro de altura.
O Nicácio era o responsável pela lancha e sentiu que todo cuidado era pouco para chegar até ela.
O pequeno trajeto era feito numa pequena chalana movida a remos o que para os jovens e experientes Fuzileiros era moleza.
Só que:
Tanto o Nicácio como seu colega Munhoz que nessa noite seria seu segurança, estavam acompanhados, cada com uma namorada.
O Nicácio ainda lembra-se do nome da sua, ou melhor, do seu apelido, ‘’Cigana’’ a outra que acompanhava seu colega, não tem a menor idéia de quem fosse.
As duas menores, mas naqueles tempos, não tinha conselho tutelar e transar com menores não era tão rigorosa como é agora.
As duas estavam com muito medo de fazer o pequeno trajeto e os dois Fuzileiros pressentiam o perigo e estavam não com medo, mas apreensivos e sabiam que a mínima vacilada e daria um grande problema.
O Nicácio, primeiro levou até a lancha o Fuzileiro Munhoz e sua namorada, voltando para levar a Cigana que tinha ficado na barranca.
O retorno foi feito com alguma dificuldade, a correnteza estava muito forte e o vento fazia as ondas balançar perigosamente a pequena embarcação.
O Munhoz estava parado na popa da lancha observando a minha manobra pra encostar a chalana a estibordo, local que seria mais prático para a Cigana fazer o transbordo
A Cigana tinha embaixo do braço esquerdo duas mantas dobradas, quando a chalana encostou ela segurou-se na lancha, com este movimento a chalana abriu um pouco deixando um vácuo de mais ou menos um metro e meio entre as embarcações, era só ela puxar firme e a chalana se aproximaria da lancha o que facilitaria a operação.
O Nicácio que viu o pavor nos olhos de sua companheira pressentiu o que poderia acontecer se ela soltasse a lancha.
Tentando evitar o pior, falou firme, mas sem gritar: não solta a lancha.
O alerta funcionou completamente ao contrário.
Ela com os olhos esbugalhados de pavor, ao ouvir a advertência, largou a lancha e imediatamente caiu na água, com o movimento brusco, a chalana desequilibrou quase virando , fazendo com que o Nicácio em vez de prestar atenção na Cigana , se preocupasse em não deixar a chalana virar.
A Cigana ao cair permaneceu por uma fração de segundos a flor d’água agarrada as duas mantas e logo a seguir afundou num redemoinho de água e espumas.
Quando apareceu, foi a uns cinco metros de onde tinha caído, já descendo a forte correnteza e afundando novamente.
O Nicácio deixa neste relato um agradecimento ao Cb. Batista e sua turma de instrutores.
Valeu os exercícios e instruções do curso de formação de Sd. Fuzileiro Naval.
1º. – Não se apavorar, manter a calma;
2º. – Estudar a situação; e
3º. –Entrar em ação imediatamente.
É claro que tudo isso, tem que ser feito em frações de segundos e atos sincronizados.
O Nicácio que permaneceu na chalana, quando a dominou remou em direção a moça o Munhoz, simplesmente solou o cinto NA com o coldre e a pistola no convés da lancha e caiu na água.
Quando ela veio a tona pela segunda vez o Munhoz já estava a seu lado e segurou-a firme, porque se afundasse a terceira vez, teriam que procurar o seu corpo em vez de salvá-la.
Enquanto isso, a namorada do Munhoz que presenciou todos os acontecimentos trágicos, entrou em desespero no convés da lancha, sozinha e apavorada começou a gritar num ataque estéril de pavor e medo, fazendo com isso que todos os ribeirinhos ( pessoas que moravam nas proximidades do rio ) se aglomerassem nas barrancas do rio para ver o que estava acontecendo.
Os dois que socorriam a Cigana, nada viram, a preocupação deles no momento era tirar a moça da água para depois socorrerem a outra.
Como sentiu que não seria possível colocá-la dentro da chalana, o Munhoz segurou-se numa de suas bordas com a moça desmaiada em um dos braços enquanto o Nicácio remava procurando aproximar-se da margem do rio, o que foi conseguido a uns duzentos metros de onde tinha acontecido o acidente.
Para sorte dos dois Fuzileiros e o que evitou mais um desastre, foi que passava uma balsa de toras, o que era comum em grandes cheias, era madeira que descia o rio desde Santa Catarina para as madeireiras de Uruguaiana.
O balseiro ao assistir o desenrolar dos fatos e vendo aquela mulher que gritava apavorada, determinou que uma das lanchas socorresse a moça, só que:
Sendo conhecedor das leis de Portos Rios e Canais, pelo rádio solicitou permissão a Capitania dos Portos para aproximar-se da lancha que era uma unidade militar e a aproximação só com permissão das autoridades.
Imaginem a confusão que se meteram os dois Fuzileiros envolvidos na segurança da lancha.
A Capitania dos Portos ao ser comunicada e não entendo nada do que aquele cidadão pedia, entrou em contato com o Comando do Grupamento de Fuzileiros Navais em Uruguaiana, este por conseqüência procurou o Comando do Destacamento de Fuzileiros Navais de São Borja para entender que confusão era essa.
Só que todos estes contatos foram efetivados no dia seguinte, porque em 1962 não havia a facilidade de hoje nas comunicações, naqueles tempos, era só telegrafia ou os telefones pretos e com manivelas que funcionavam quando queriam.
O Nicácio e o Munhoz sem terem a mínima idéia do que acontecia nos bastidores, estavam apavorados porque quando chegaram a margem com a Cigana, após terem usado todas as técnicas que conheciam, a guria não reagia de maneira nenhuma, chegando a pensarem que ela esta morta.
Sem saberem que rumo tomar, e ao serem informados que a outra moça tinha sido resgata da lancha e estava em terra firme, resolveram levar a Cigana nas costas para a sede do Destacamento que nessas alturas já estava em grande movimento.
La chegando, foram orientados a colocarem a moça na enfermaria que o enfermeiro Swfiter tomara as providencias para reanimá-la, o que foi feito logo em enseguida e partir daí, os dois foram recolhidos preso para o alojamento e o Sargento de dia providenciou no encaminhamento da Cigana para o hospital da cidade.
O Swfiter que era um marinheiro e não fuzileiro, o que era comum nos quartéis da Marinha, especialistas na área de recursos humanos geralmente eram marinheiros da gola.
RESUMO DA HISTÓRIA
O Nicácio e o Munhoz responderam uma sindicância pela transgressão disciplinar que cometeram.
O Nicácio que era o que estava de serviço tomou 10 dias de prisão rigorosa, cumpridos na cadeia do 2º. Regimento de Infantaria do Exercito em São Borja.
O Munhoz que não estava de serviço mas também cometeu transgressão disciplinar, tomou 5 dias de prisão simples e os dois foram obrigados a pagar dois cobertores para completar a carga do almoxarife do Destacamento.
Passados 90 dias do acontecimento destes fatos, chegou uma mensagem via rádio do Grupamento de Fuzileiros de Uruguaiana, convocando os que haviam passado na seleção para o curso de Cabo na Ilha do Governador no Rio de Janeiro.
O nome do Nicácio constava da lista, só que com uma tarja vermelha, a punição sofrida não permitiu que ele realizasse a viagem com os outros.
Portanto o Nicácio perdeu a sua oportunidade de graduar-se, por ter sido o responsável direto pelo quase afogamento da Cigana.

Caxias do Sul, 06.11.2008


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

As histórias do Nicácio


A CAIXA D'ÁGUA
Esta história, tem 9 personagens que vão aparecer gradativamente no desenrolar dos fatos.
Existe no Plano Alto, uma praça que há alguns anos atrás era um dos pontos principais da Vila.
Essa praça que ainda existe, e hoje já não tem a mesma importância e o glamour de anos passados, fica no terreno onde está a estação ferroviária, que também teve muito valor na infância e vida de cada uma das pessoas que nasceram ou viveram nessa época, naquela localidade.
A estação também existe e ainda tem sua importância,só que hoje é uma importância diferente, sem influir diretamente na vida das pessoas que fazem parte da comunidade.
A importância de hoje, é no sentido de dar continuidade a movimentação de grandes composições que vão e vem, transportando mercadorias do centro do País para os Países do MERCOSUL.
A narrativa de hoje não é sob a estação.
A história é sob a importância que teve a velha caixa d’água que ainda se encontra lá, sem utilidade, mas majestosa, altiva,, imponente, como a dizer aos mais jovens:
Aqui estou, a observar a falta de respeito com a minha idade, sou velha é verdade, enferrujada, mas já fui jovem como vocês e na minha juventude, Fui de grande utilidade para esta comunidade da qual hoje vocês são parte.
Esta caixa d’água da qual falamos, foi em anos passados, companhia de um velho moinho, que imponente devido a sua altura, olhava os demais sempre de cima, alem de ter a nobre missão de fornecer água aos moradores através da nossa caixa, que não é a do governo e sim a velha caixa do Plano Alto.
No local tem um velho poço artesiano, que fazia parte do conjunto de objetos que citamos nesta narrativa.
O poço na escala de valores, sempre se sentiu inferior, por não aparecer, ser subterrâneo, mas era de uma utilidade fundamental, era o responsável pelo fornecimento da água potável que matava a sede dos moradores e nunca os deixou na mão, podiam existir as maiores secas nas redondezas, só faltava água quando o moinho quebrava, descendo do seu pedestal para ser xingado e amaldiçoado pelos moradores que não o perdoavam por estragar.
Nem sempre ele era o causador da falta de água, existia ainda a bomba, que submersa, sempre foi retraída, acanhada e não aparecia nunca a não ser quando quebrava e saia das profundezas do poço para ser concertada e elogiada com as palavras mais cruéis da comunidade.
Nesse quinteto, a Praça, o Moinho, o Poço, a Bomba e a Caixa, a disputa por atenção era muito grande, cada um queria ter o seu valor reconhecido.
Hoje quando contamos estes fatos, a situação é outra.
Tem um conjunto novo que abastece a comunidade e com certeza está tudo nos conformes, pois tudo que é novo é bom e eficiente, mesmo que não tenha a vivência e a experiência que só o passar dos anos acrescenta a seres e coisas.
É dentro deste contexto, que queremos relatar um fato acontecido, que na época foi muito comentado e causou alguns constrangimentos.
Vamos acrescentar quatro personagens que são os sustentáculos do assunto que estamos abordando.
São quatro pessoas dessa comunidade, dois já falecido um constantemente retorna ao seu habitat e o Zeferino, o Nicácio não sabe por onde anda.
Nicácio o guri de ontem, hoje é contador de histórias.
O velho da época, era o Tio João, conhecido de todos, e por morar em frente a praça, tinha a missão de zelar por aquele patrimônio que era útil para todos.
O Nicácio, autor deste conto era Negrinho da Vó Chata, que passava a sua infância como qualquer criança, brincando e fazendo arte.
O Vaneirinha tinha esse apelido, porque era metido a tocador de gaita de boca, só que por mais que insistisse como músico, não saia nada mais do que uma vaneira.
O Zeferino era filho de um velho ferreiro da Vila, mas praticamente criado com a Prof. Beda, hoje Patrona Benemérita da Escola.
Os moradores da Vila, sempre que passavam sedentos por uma água fresquinha, chegavam e saciavam a sede, usando um velho e enferrujado caneco feito de uma lata de compota de pêssegos que com certeza tinha deliciado antes de ser caneco, algum aniversariante da localidade.
Esse caneco ficava preso a uma pequena corrente feita de arame fino e ali ficava para ser utilizado quando necessário.
O Negrinho da Vó Chata como era conhecido nossa personagem, foi segundo os moradores mais velhos, o guri mais sem vergonha e arteiro da Vila.
Dizem até hoje as más línguas antigas e muitas atuais que ainda está para nascer outro tão puro como esse.
É claro, como diz o ditado quem conta um conto aumenta um ponto, dentro dessa filosofia, nem tudo que contam é verdadeiro, e muitas das que contam nem sempre era o Negrinho da Vó Chata, muitas vezes os protagonistas eram outros também impossíveis, mas quem levava a fama era sempre ele.
Mas esta que estamos contando é verdadeira, ainda existem algumas testemunhas do fato.
Certa feita, num verão daqueles que só ocorriam no Plano Alto e quem é cria de lá sabe como eram, vinha o Negrinho em baixo de um sol escaldante, a temperatura nas nuvens, em pleno meio dia, mas meio dia mesmo, porque não havia horário de verão, existia só o horário de Deus como muitos dizem até hoje e se recusam a aceitar essa novidade.
Lá vinha o Negrinho, louco de sede, pedindo como um pobre mortal, uma água gelada para refrescar a goela
Quando enfrentou a pracinha, fez o que todos faziam, dirigiu-se a uma pequena cancela que existia para dar acesso ao local da água, quando ouviu a voz do Tio João:
Que tu vai fazer ai Negrinho?
O Negrinho voltou-se e deu de cara com o Tio João que sempre estava camuflado numa sombra mateando, mas com uma visão total do ambiente.
Respondeu prontamente: Vou tomar água Tio João.
Não, respondeu o Tio João. Vai tomar água na tua casa, tu quer é fazer arte e isso ai não é pra brincadeira.
O Negrinho analisou a ordem recebida, pensou o que fazer, mesmo achando um absurdo ser proibido de tomar água como todos faziam, só porque era criança.
Era danado sim, sempre aprontava, mas era obediente e sempre foi orientado pela Vó Chata a respeitar e obedecer aos mais velhos.
Dentro destas circunstâncias, mesmo revoltado, deu meia volta e foi embora.
Passou todo o resto daquela tarde quente, matutando o acontecido, aquilo não podia ficar impune, algo tinha que ser feito para cobrar-se de tão grave agressão.
Resolveu procurar a sua parceria, a gurizada. Tão ou mais sem vergonha que ele para em conjunto analisarem e pensarem qual seria a resposta ao fato.
Juntaram-se e ele contou o acontecido, para surpresa de todos, isso não era um fato isolado, outros do grupo já tinham sido proibidos de beber água como ele.
Apesar de não ser o líder, nem sabia o que era isso, mas sempre foi respeitado dentro do grupo até por ser o mais peitudo nas falcatruas que faziam.
Sempre que surgiam esses tipos de problemas se reuniam e a decisão era acatada por todos.
Mas o Negrinho quando levou o problema a ser debatido, já tinha uma idéia na cabeça, só precisava do apoio dos demais.
As reuniões do grupo eram feitas no terreno da estação férrea.
O horário do passageiro, todos os dias era um acontecimento na Vila, os adultos desciam e embarcavam no trem, os maiores aproveitavam para namorar e os menores ficavam aprontando das suas.
Foi nesse ambiente que aconteceu a reunião do grupo.
Ali eram tomadas grandes decisões, é claro que nem sempre era
coisa boa, as vezes algumas safadezas como a decisão que foi tomada a respeito da proibição do Tio João.
Quando o Negrinho da Vó Chata contou o acontecido, a revolta e a surpresa foi geral.
A proibição era coisa costumeira, muitos já tinham sido proibidos de beber água na praça.
O tio João achava que guri não tinha sede e só iam até a praça para pisar nas flores, estragar e quebrar bancos, etc... na realidade era isso mesmo que a gurizada fazia.
Após as considerações e os elogios não publicáveis feitos ao tio João, venceu o plano apresentado pelo Negrinho da Vó Chata.
A reação tinha que ser em conjunto e de grande repercussão para que essa proibição fosse banida da praça.
Na Vila não tinha luz, a lua cheia deixava as noites claras demais para por em prática o plano a ser executado.
Ficou decidido, que esperariam as noites escuras para a execução da jornada.
Para não serem considerados radicais em suas decisões, decidiram que no intervalo da execução do plano, outros do grupo tentariam tomar água para testar as atitudes do tio João.
Todas as tentativas foram em vão, com exceção de dois deles que conseguiram tomar água sem problemas, os demais foram terminantemente proibidos de chegar a torneira.
Mais uma reunião foi feita para uma última análise, mas a decisão anterior foi confirmada sem problema.
Houve um pequeno impasse, e se não fosse possível no dia marcado executar o programa estabelecido para a realização do plano.
Após marchas e contra marchas, ficou definido que o Zeferino que era criado com a tia Beda, esposa do seu Londero proprietário de uma farmácia, resolveria a questão, conseguindo os ingredientes necessários para que ninguém falhasse na hora certa.
Todas as medidas foram tomadas e na noite marcada o plano entrou em execução.No outro dia, levantaram mais cedo do que de costume para ver o resultado da ação.
Começaram a passar no local e pressentiram que cada um que passava falava com o tio João, gesticulavam, esbravejavam e condenavam o acontecido.
Foi escalado um da dupla que não foi proibido de beber água, para fazer a sondagem a respeito do fato.
O escaldo, foi o Vaneirinha ( Adailson Falcão)( que era meio contra parente do tio João e por isso não foi proibido de beber água, mas com certeza quando descobriram esse parentesco, ficou claro que até lá no Plano Alto, naquela época, já existia o tal de nepotismo.
A novidade que o Vaneirinha trouxe foi a seguinte:
O copo usado para tomarem água na praça, tinha amanhecido cheio até a boca de M.... ( Feses ) e que o autor da proeza com certeza apesar de faltar as provas contundentes, tinha sido o Negrinho da Vó Chata, dizia o tio João para justificar sua acusação.
Três ontonte eu proibi ele de tomar água e com certeza em represália este ato condenado por todos, só podia ter sido o dito cujo.
GLOSÁRIO
Objetos – A Praça, Caixa d’água, Moinho,Poço e Bomba.
Perssonagens –
Nicácio o Negrinho da Vó Chata – José Vilmar P. de Medeiros
Tio João - João Souza
Vaneirinha - Adailson Falcão
Zeferino Soares:
1 - Foi o encarregado de surrupiar lacto purga pra gurizada, pra modo de não falharem na noite e hora marcada.
Obs.
2 – Vejam que nem tudo que contam sob o Nicácio o popular Negrinho da Vó Chata são verdades;
3- Passaram um longo tempo para acabar o trauma, pois cada vez
que alguém ia tomar água no novo copo, lembravam do acontecido com o velho copo e passava a sede.
Sant’Ana do Livramento, Fevereiro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

BAILE DE CARNAVAL
. Existiam dois clubes sociais na Vila do Plano Alto onde o Nicácio Nasceu e se criou. Um era o clube Charrua hoje CTG Candinho Bicharedo, onde freqüentavam as pessoas brancas e que tinham alguma posse, granjeiros, fazendeiros, enfim aquelas pessoas consideradas da alta sociedade local. O outro era o clube Gaúcho, administrado pelo Sr. Mulato, que além de presidente do clube era capataz de uma estância próxima a Vila. Esse clube reunia o pobrerio, peães de estâncias, e todos que estivessem nesse nível social.

AQUI FOI O CLUBE CHARRUA-HOJE CTG CANDINHO BICHAREDO
O clube Charrua era administrado pelo Sr. Darci Lopes, família essa liderada pelo Sr. Carlos Lopes e esposa Sra. Izolina. Os Lopes eram figuras importantes e respeitadas pela comunidade local.
Como criança não consegue discriminar ninguém por mais que seus pais os instruam, Nicácio era amigo do Jerônimo Lopes apelidado (JECA)sobrinho do Darci Lopes e neto do Sr..Carlos Lopes.Transcorria um baile de carnaval no dito clube, lotado com grande animação, o Nicácio na porta olhando. Negro e pobre, não podia nem pensar em entrar. O Jeca participando do baile saiu lá fora e pergunta: Tche Negrinho, porque tu não entra e dança um pouco ?
Como vou entrar ai ?
Negrinho, tu entra, até o tio descobrir. Quando te descobrirem e conseguirem te tirar pra fora, tu já dançou bastante. Conversou um pouco e entrou,Nicácio ficou quieto, mas a idéia lhe agradou.
Numa passada do amigo pela porta, chamou-o e disse-lhe:Tche Jeca, vou topar a tua idéia, vou dançar um pouco. Entrou e começou a dançar na volta como burro de olaria, até que deram o alarme e o pessoal da diretoria começou a persegui-lo sem, no entanto lograrem êxito, por que ai já contava com o apoio dos participantes do baile que o ajudavam discretamente a escapar.Dançou uns 15 minutos até que foi tirado pra foram sem apelação.
Sentou lá fora e começou a pensar no fato de,por ser negro e pobre não tinha o direito de partilhar com seus amigos aquela alegria.Não se conformou decidindo que se vingaria de tal atitude. Analisei os prós e os contras e o que poderia fazer para ter êxito nos seus propósitos. Olhou para os carros estacionados e lhe veio a idéia, pegou um palito de fósforo e começou a esvaziar os pneus dos carros. Depois com mais um fósforo e com muito jeito conseguiu tirar os ventis de todos os pneus sem ar, guardou numa caixa de fósforo e foi pra casa dormir.
Imaginem o sufoco quando terminou o baile. Todos sabedores de suas habilidades arteiras, de imediato ligaram o fato a sua pessoa. O CB João Almeida, da Brigada Militar que fazia o policiamento do baile foi até a casa do Nicácio e contou a Vó Chata o acontecido e pediu providências.
A Vó Chata era a Sra. Januaria Valença sua mãe de criação. Uma Negra Velha, parteira e lavadeira, que fazia a maioria dos partos na Vila. Para sorte deles Nicácio tinha guardado a caixa de fósforos com todos os ventis em baixo do sei travesseiro.
A Vó que nunca lhe deu moleza pelas falcatruas que o mesmo aprontava, ao saber da história, foi acorda-lo só que com um pedaço de tábua que usou para acaricia-lo pela malandragem que tinha aprontado.
Na ponta da tábua havia um prego, o que fez grande estrago na suas polpas.
Ela nunca se perdoou por não ter percebido aquele prego.
Assim foi que foram recuperados todos os ventís dos carros.
O seu grande amigo Jerônimo Lopes ``JECA`` é falecido, esta história fica em homenagem ``Post Mort`` a grande amizade entre os dois.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sou de la, com muito orgulho

O COMBATE DE PORONGOS

Sou de lá com muito orgulho,
A África é minha terra
São de lá minhas origens
Eu me sinto abichornado
Quando penso no meu povo
Como é que Deus permitiu
Tamanha barbaridade
Como é que a humanidade
Aceitou tal situação
Concordou com a escravidão
Sem nenhum constrangimento
Fui arrancado de lá
Cabresteado para cá
Sem o meu consentimento

Em feiras Eu fui vendido
Fui tratado como bicho
Valia menos que lixo
Para os donos desta terra
Eu habitei as senzalas
Das querências deste pago
Jamais senti um afago
Que não fosse do Feitor
Meu ungüento foi o sal
Que neste pampa bagual

Foi usado para o charque
Matéria prima de então
O escravo foi a mão
Usada para esse fim
Eu não consigo entende
Porque me trataram assim

Sou humano como os outros
Tive uma Pátria um País
Tive família e um povo
Fui cidadão, fui feliz.
Eu quero que me respondam.
Qual foi o crime que Eu fiz.

No ano de trinta e cinco
Alvorotou-se a senzala
Um comentário geral
Chegou aos nossos ouvidos
Que lá na Ponte da Azenha
Os Imperiais foram vencidos
Perdendo a Capital
Ecoou pelo Rio Grande
Um grito de liberdade
Diziam que a sociedade
Seria bem diferente
Se Eu, lutasse pela causa
Ganharia a alforria
Esse seria o presente

Acreditei na promessa
Desta vez Eu vou ganhar
Com vontade vou lutar
Pra Ter paz e uma família
Vou me unir aos Farroupilhas
Ir pro lado que me agrade
E jamais ver uma grade
Um tronco ou uma senzala
Minha casa vai Ter sala
Como a dos outros tem
Vou lutar pra ser alguém
Criar plantar e colher
Os meus filhos irão Ter
Direitos hoje negados
E as tristezas do passado
Nunca mais iremos ver

Fui traído novamente
Não tive paz nem família
Minha união com os Farroupilhas
Não passou de ilusão
Quando hoje a tradição
Enaltecem os seus feitos
Eu não consigo enxergar
Onde estão os meus direitos
Foram dez anos de lutas
Em combates memoráveis
Mas decisões lamentáveis
Mancharam a nossa história
E a inúmeras vitórias
Para mim foram uns fracassos
A lança de puro aço
Que com fibra Eu empunhei
Que os inimigos matei
Com coragem e ousadia
Jamais pensei que um dia
Fosse usada contra mim
Este é o meu lamento
Minha dor minha ilusão
Eu cultuo a tradição.
Sem ódio nem preconceitos
Mas também tenho o direito
De procurar a verdade
Quero Ter a liberdade
De saber como foi feito
Diz a história que Caxias
Escreveu para Moringue
Coronel quero que finja.
Um acerto com Davi
Pois a ele Eu, prometi.
Livrá-lo dessa enrascada
De libertar a negrada
Quando a guerra chegar ao fim
O resto deixe pra mim
Que a paz será assinada

Em quatorze de novembro
Do ano quarenta e quatro
Conforme diz o relato
Que se mantém em segredo
Um General Farroupilha
Que jamais foi surpreendido
Facilmente foi vencido
Pela malícia e astúcia
Do Coronel Chico Pedro

Para a paz ser assinada
Exigiram o meu fim
No massacre de PORONGOS
Nos campos de Santa Tecla
Acabou a esperança
De liberdade pra mim.

domingo, 15 de novembro de 2009

As histórias do Nicácio

O TREM
Sim o trem.
Não o trem das onze.
O nosso trem,
É das sete.
Das sete e tanto.
Nunca as sete,
Sempre atrasado.

Referência de uma época,
De um tempo.
Tempo da nossa infância,
Dos nossos anos,
Dos anos desse trem.

Que ainda passa,
Diferente, imponente,
Sem as Marias fumaças,
Da nossa época.
Sem os encontros,
Na velha estação.

Que ainda está lá.
Velha, mas ainda um marco
Da nossa era,
Do nosso tempo.

PARTIDA

A Partida

O que será ?
De quem ficar,
quando um de nós partir.
Nossos filhos,
não serão,
os que hão de vir.

Eles têm,
suas casas,
seus filhos,
seus destinos diferentes.
Por isso,
ficarão ausentes.

A vida, foi feita assim.
E um de nós
que ficar,
vai querer
ficar sozinho.
Pra curtir a sua dor,
do parceiro que perdeu,
Ao longo do seu caminho.



terça-feira, 10 de novembro de 2009

Naqueles Tempos

O Natal do Nicácio

Corria o ano de 1975, e o Nicácio que nestas alturas já não era mais um peão de estância e sim um competente 3º Sargento Telegrafista, servindo em Uruguaiana , fez uma permuta (troca) com um colega de Quarai. Mesmo sendo natural de Uruguaiana resolveu mudar de ares. Como fui eu que pedi, não tive direito a ajuda de custo da transferência.
Jovem, casado com três filhos, foi forçado pelas circunstâncias a solicitar sua transferência, tentando com isso livrar-se da série de problemas que enfrentava em Uruguaiana, especialmente a falta de dinheiro e conseqüentemente o acúmulo de dívidas e a intranqüilidade familiar e funcional.
Nessa época as dívidas vinham para o Quartel e isso dava cadeia e constrangimento perante os colegas. O Quartel assumia as dívidas para ficar bem com a comunidade, no entanto descontava na folha de pagamento dos Policiais deixando-os a ver navios como diz o velho ditado.
Imaginem os Srs. como pagar aluguel, leite, pão, luz, água, etc. enfim como sustentar uma família com crianças sem um tostão no bolso.
Esse foi o verdadeiro motivo do pedido de transferência em questão.
A esperança era que mudando de cidade, resolveriam seus problemas financeiros. É claro que as dividas acompanhavam-nos para a nova Unidade Militar, o que quer dizer que o drama continuava, mas mesmo assim aquela mudança era uma esperança de dias melhores, novas expectativas, desejo de dar um melhor atendimento a seus entes queridos que mais sofriam com essa situação.
A realidade era nua e crua, a transferência não mudava nada, às vezes até piorava, porque na nova morada, tinha que começar tudo de novo.
Foi assim que foi o Nicácio transferido de Uruguaiana para Quarai, onde por não ter condições de pagar um aluguel, foi morar numa escola pública, onde duas salas de aulas foram transformadas em residência.
A mudança foi também de favor, seus trastes foram transportados num caminhão boiadeiro com restos de sujeira dos animais que havia transportado na última carga, imaginem o cheiro agradável que ficou nos seus pertences por longos dias.
Chegando ao novo destino, acomodaram-se da melhor maneira possível. A recepção dos colegas foi discreta, certamente no Quartel já tinham conhecimento de todos os seus problemas.
Chegou o fim do ano, a cidade preparava-se para as festividades natalinas. O Nicácio sem conhecer quase ninguém, também se preparava para as festividades já citadas, sem dinheiro, longe dos parentes, na realidade, só seus familiares e mais ninguém.
No dia 24 de dezembro aproximadamente as 22h30min, estavam sentados na frente da escola, as crianças brincando inocentemente, os transeuntes passando cheios de pacotes, transpirando alegria e eles apavorados pensando o que dar aos seus filhos naquela data tão significativa para toda a humanidade.
Foi quando avistaram dois soldados que também vinham alegres e faceiros com alguns pacotes, o Sd Cabreira e o Sd Miranda, que imediatamente pararam para conversar e desejar boas festas.
Certamente sentiram o clima de tristeza que havia entre aquela família e não tiveram dúvidas fizeram o convite.
Pessoal não queremos desculpas peguem o que vocês iam preparar para a ceia e vamos lá pra nossa casa, vamos passar o natal juntos como verdadeiros colegas.
A esposa do Nicácio, Dª Faustina baixou a cabeça e não conseguiu responder, o Nicácio agradecido e comovido não sabia como explicar que eles não tinham nada para levar. O Sd Cabreira pressentiu a situação e reforçou o convite com as seguintes palavras: Olha gente, não precisam levar nada, a esta hora já está tudo pronto, fechem a casa peguem as crianças e vamos logo, é bem perto daqui.
Dª Faustina não conseguiu segurar a emoção, começou a chorar copiosamente e justificou-se que estava com saudades de seus familiares que moravam em Porto Alegre.
Passaram o Natal mais importante de suas vidas, eles tudo fizeram para que ficassem a vontade, não sei como, e nunca tive coragem de perguntar, mas conseguiram inclusive presente para os filhos do Nicácio que não iam ganhar nada, se ficassem em casa.
Esses dois colegas ofereceram naquele momento o que mais o Nicácio e sua família precisavam calor humano, solidariedade.
Esse fato aconteceu a mais de 30 anos, mas todos os Natais do Nicácio e Dª Faustina, que a partir daquela data estão sempre juntos e felizmente com fartura, na hora da ceia eles, o Sd Cabreira e o Sd Miranda, são lembrados com muito carinho.
Esse foi o melhor convite que podiam ter recebido naquele momento.
O Nicácio, Dª Faustina e seus filhos dedicam esta história a esses nobres companheiros: Sd Cabreira ‘’Post Mort’’ e ao Sd Miranda que perderam contato há muitos anos. Eles jamais foram sabedores da repercussão do seu gesto

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O querer não tem limitesw


Essa picassa, é a minha segunda paixão. Por consequência minha esposa tem um ciume tremendo dela. Ela, a moto, é minha companheira de viagens, temos nos dois passado por paisagens maravilhosas e é claro que sempre com a desaprovação da D. Tania, que não é muito chegada nela e que cada vez que saimos fica bicuda e resinguenta. Ela sempre faz o que pode pra colocar impecilios em nossas saidas, mas como não consegue, depois que saímos, fica nos monitorando pelo nosso GPS ( Celular ) preocupada com a nossa segurança. A minha picassa é guapa, boa de montaria, mas é também arredia, intempestiva, caborteira, pela minima coisa me atira no chão. Mas quase sempre é por pura barberagem e imperícia, se for bem dirigida ela se porta como uma verdadeira dama de companhia, é dócil, prestativa, rápida e segura. A foto ao lado foi tirada numa pequena viagem que fiz a cidade de Quarái nesta quarta feira passada. É uma foto de tantas que já tenho, pois sempre que saio e o registro é automático. Mas esta tem uma importância significativa para mim. Sempre detestei ser considerado um velho. Claro que sou velho, mas o fato de ser velho não quer dizer que eu tenha que pindurar as chuteiras. Ñão sou mais uma criança e meus movimentos e atividades tem limites que sempre respeito, por que isso não fizer, bom ai sim eu sentir a velhice. Mas se respeitar meus limites, posso fazer tudo que um moço faz e foi isso que fiz. Detesto cadeira de papai, me deram uma e tiveram que sumir com ela. Um trambolho que ocupa uma peça inteira e que no meu caso não serviu pra nada. O computador é muito útil e serviçal, mas fico em sua frente só o tempo necessário e caio fora. Portanto quando me programei pra fazer essa pequena viagem, fui admoestado várias, vezes. Por que tu não pegas o ônibus, vai lá não te preocupa com nada, é mais seguro, ai sim tu podes admirar a paisagem. Pelo jeito vai posar, pra que levar barraca, cobertas, roupa de chuva e mais uma série de comentários que tinham a pretensão de me fazer disitir da viagem com a minha parceira. Quieto e fazendo planos com meus botões, coloquei todo o material na moto e no outro dia as 08,30 tirei a foto da postagem e botei a picassa na estrada. São só 105 km. Levei uma hora e 15 minutos, cumpri com os compromissos assumidos e as 11,15 telefonei pra que me esperassem com o almoço. Quando foi 12,20 minutos eu estava em casa, tomando uma bem geladinha, interasso e com a alma lavada, porque provei pra mim mesmo que o querer não tem limites e que podemos ser velhos sim mas não inativos.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

As histórias do Nicácio

A BICICLETA
Por ocasião da seca contada na
história das carreiradas na estância, o pai do Nicácio, que morava na casa do seu Bélico, fazia o trajeto de ½ légua de bicicleta para poupar os cavalos que estavam muito fracos.
As vezes, dependendo do serviço executado, ou alguma campereada nos campos próximo de onde morava, ele já ficava em casa, motivo pelo qual as vezes a bicicleta permanecia na estância, o que sempre era uma festa para a gurizada e principalmente o Nicácio que sempre que podia dava uma treinada naquela modalidade de transporte que era uma novidade, imaginem uma bicicleta lá pelos anos 50, correspondia a um limusine, o que fazia o seu dono cuidar e zelar, inclusive nas redondezas era a única a chamar a atenção de quem não tinha familiaridade com esse tipo de veículo
Um fim de semana como tanto outros nos longos 04 anos que moraram naquela localidade,o pai do Nicácio deixava a bicicleta sempre fechada em seu quarto particular que tinha direito no galpão.
Para surpresa do Nicácio , terminado o serviço da semana,seu irmão mais velho, andando pelo galpão deparou-se com a bicicleta encostada na roda de um trator dentro do galpão. Não conteve a alegria e correu para contar ao Nicácio a descosberta.
Imediatamente, se organizaram para dar umas voltas de bicicleta, inclusive decidindo no par ou impar para ver quem andava primeiro.
Entre o galpão e a cozinha dos peões, tinha uma estradinha de aproximadamente uns 30 metros, que acabava na frente da cozinha onde existia um enorme paraíso, de sombra frondosa onde a peonada tomava mate e contávam as novidades do dia nas horas de folga.
Vindo do Galpão em direção a cozinha, tinha um pequeno declive, ali foi o local escolhido para demonstrarem suas habilidades com o veículo em questão.
Após várias voltas, cada um tetentando mostrar que era mais hábil na condução da bicicleta Nicácio convenceu seu irmão a sentar no quidom, o que foi feito e impulsionou o veículo largando na pequena descida. Só que não calculou a velocidade que pegaria com dois em cima.
Andaram tranqüilos, só que quando tentou segurar o freio rebentou e sobrou o paraíso como alternativa para parar. O seu irmão vendo que se rebentaria se batesse de frente, saltou fora deixando o Nicácio com a responsabilidade de fazer a geringonça parar, o que não foi possível.
Resultado, entrou de cara no paraíso.
Quebrou um dente e a bicicleta, rebentou o eixo da roda dianteira e entortou todo o aro.depois de analisarem o tamanho do desastre, ficaram pensando como descascar o abacaxi que seria quando o pai descobrisse tudo. Com certeza ia sobrar pra o Nicácio como sempre, além do dente quebrado e alguma escoriações teria que suportar o relho do velho.
Porque sobrar pra ele e não pro seu irmão?
Porque o seu irmão trabalhava na casa grande, tinha o privilégio de ficar protegido pelos donos da estância, lá o pai só ia quando chamado para receber alguma ordem, quanto ao Nicácio que era peão do galpão não tinha outra saída a não ser agüentar o tirão
Analisaram durante um largo tempo, como consertar o estrago, não tinha o mínimo conhecimento, consequentemente, endireitaram a roda da melhor maneira possível e colocaram um prego de atracá no lugar do eixo dianteiro e ataram com um arame fino, era certo que quando o pai tentasse andar seria descoberta toda a falcatrua do acidente.
A bicicleta ficou quase duas semanas sem ser usada, até que um dia seu pai disse ao irmão caçula que tinha vindo com ele pra estância, que assim que terminassem de dar remédio para o rebanho, iriam de bicicleta para casa.
Foi o que aconteceu, bem a tardinha o velho pegou a bicicleta, botou o irmão no porta pacote e assim que saiu do para- peito na frente do galão, empurrou desconfiado a bicicleta e montou, não chegou a andar 5 metros e desequilibrou-se e caiu de todo o comprimento, com a bicicleta e o guri que levava, por cima dele.
O irmão do Nicácio vendo o estrago, resbalouce para a casa grande e p Nicácio não tive outra atitude a não ser esperar o resultado da queda do pai.
Ele já tinha desconfiado que algo estava errado, para não ariscar, pegou o relho, botou atrás da porta do galpão, já pronto para afofar os dois a pau.
Calmamente encostou a bicicleta na cerca e virou-se dizendo:
Nicácio vem aqui. Pega essa porcaria e vai desfazer o que vocês fizeram.
Só que quando o Nicácio virou-se ele já vinha com relho na mão. Deu uma surra daquelas conversadas, sem muita pressa, cada volta de arame que o Nicácio dava para desatar o prego, tomava um laçasso, fazendo com que até hoje quando se atreve a dar uma de escritor e colocar no papel a sua infância na campanha, sinta arrepios da surra que levou.
Quanto ao outro ordinário, que se escapou por ser puxa saco dos patrões, desafiava o Nicácio quando a bicicleta era deixada por gosto a disposição: Tchê o pai deixou a Bicicleta, não vai dar uma voltinha?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

ReTalhos de vida

A PRAÇA

Apaixono-me pelas praças,
Nas vilas e nas cidades.
Lugares de todos nós.
Nelas vejo a integração,
De jovens, velhos e moços.
Que não querem ficar sós.

As crianças tomam conta,
Em imensas travessuras.
Usando os seus brinquedos.
Os velhos contam histórias,
A sombra dos arvoredos.

As crianças se divertem,
Correndo pra todo lado.
Não discriminam ninguém,
Suas consciências são puras.
Pela a inocência que têm.

Os velhos não ficam atrás,
Reivindicam seus espaços.
Com seus iguais e parceiros,
Também se sentem os donos.
Remoçam com a gurizada,
Pensando no seu passado.
Que também foram arteiros.

Quantos sentados
Em seus bancos,
Tomou grandes decisões.
São lugares para sonhos,
Relembrando a tenra idade.
Quantos namoros tiveram,
Quantas artes nós fizemos,
No tempo da mocidade.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

As histórias do Nicácio




Ilustração 1 –
Aqui nasceu o Nicácio

Nicácio nasceu num galpão, não foi o primeiro e nem será o último, acredito que mesmo com o progresso hoje existente, ainda muita gente nasce em galpões.
O galpão que o Nicácio nasceu servia para guardar materiais da casa, um verdadeiro depósito, tinha um pouco de cada coisa, inclusive o cantinho onde a mãe do Nicácio aninhou-se para pari-lo.
Galpão para quem não sabe, é o nome dado a uma edificação rústica, em tempos passados de barro e capim, mais tarde de tábuas e hoje geralmente de alvenaria. O que o Nicácio nasceu já era moderno, era construído de tábuas.
Hoje os galpões são diferentes, tem um relativo conforto, luz elétrica, lareira com chaminé, televisão, banho quente, quartos para os peões. Antigamente, não tinha camas, dormia-se em catres ou em camas de pelegos no chão a beira do fogo com muita fumaça.
Na realidade, era uma senzala, a única diferença é que não se dormia trancado, não tinha tronco para castigar as pessoas e nem correntes para acorrentá-las.
O galpão onde nasceu o Nicácio, conforme afirmei no início, não era de estância, mas era um galpão com as mesmas características, só que era numa Vila, hoje quase uma pequena cidade.
Quando o Nicácio nasceu nesse galpão e nessa Vila , existia muita pobreza.Os pais do Nicácio muito pobres moravam nesse galpão que pertencia aos pais de criação da mãe dele, que foi dada que nem ele, alguns dos seus irmãos e nossos ancestrais.
Foi nesse galpão, que através da habilidade de uma parteira de campanha que Nicácio veio ao mundo, nesse mundo de hoje cheio de preconceitos, problemas, desacertos, desentendimentos, que naquela época também já existiam.
Assim que meteu a cara pra fora, um impasse.
Seus pais não sabiam como iam criá-lo, era mais uma boca para alimentar.
Foi diante dessa dificuldade que a parteira deu a sugestão necessária para sanar o problema.
Se me derem pra mim eu crio esse Negrinho.
A decisão foi imediata, Nicácio foi dado na hora, seguindo o caminho de outros irmãos que também foram dados.( Negros Dados)
Apesar de ter sido dado, foi uma doação diferente. Com sua mãe adotiva, teve muito carinho, não só dela como dos seus irmãos emprestados e seus tios que apesar da pobreza viviam harmoniosamente e tudo faziam para agradar e atender as suas necessidades básicas.
Sua infância foi como a de qualquer piá pobre, só que com uma diferença marcante. Ele era pobre e negro.
Mas para surpresa sua não consegue lembrar de fatos marcantes ou desagradáveis que pudessem marcar sua personalidade.
Ele inclusive acha que na realidade, fui adotado não só pela Vó Chata, mas também pelos moradores da Vila.
É conhecido até hoje como o ‘’Negrinho da Vó Chata’’.
A seu respeito contam muitas histórias, umas verdadeiras outras inventadas, mas nenhuma que desabone sua pessoa ou seu familiares.
Algumas dessas histórias vou contá-las para que os leitores façam o seu julgamento.
Quando ele vai ao Plano Alto, é procurado por jovens e velhos, os jovens querendo saber se as histórias são verdadeiras e os velhos dizendo que participaram ou assistiram muitas das suas falcatruas de guri.
Ele fica muito feliz ao ser lembrado com carinho pelos moradores do local onde nasceu..
Aqui em Livramento, onde mora a mais de 30 anos, tem três amigos Plano altenses, O Adailson Falcão, o Álvaro Murad, e a Marlene
Lembra ainda das famílias cujos filhos foram guris com ele. São eles os Falcões, Polanos, Varelas, Freitas, Souzas, Goulartes, Camargos, Jacques, Pereiras, Lopes, Soares, Jardins, Correas, Aripes, Rebés, Almeidas,Ajallas e tantas outras que no momento não lembra. Antes de publicar este capitulo, vai procurar conversar com amigos e pessoas daquela época para que fique registrado sem esquecer-se de ninguém.
Uma coisa ele tem certeza. Essas pessoas tiveram de uma maneira ou de outra, grande influência na formação da sua infância e na trajetória do que tornou-se com o passar dos anos.
Quando encontra com os amigos e comum recordarem o tempo de guri e as falcatruas cometidas .
Aqui em Livramento, relembra seguidamente em conversas de fim de tarde, sua infância com muito orgulho.
Quer neste livro deixar registrado não só a sua infância, mas a infância de todos amigos que lhe ajudaram a formar a personalidade que tem até o dia de hoje.
As suas histórias, serão as histórias deles, elas só aconteceram em função da amizade que envolveu a todos.




segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Schow Enio Medeiros



Hoje vamos divulgar o encontro dos Medeiros e o Schow do Enio Medeiros acontecido na Pastoril no dia 04 de outubro de 2009, só faltou o Pai da tocera Ulisses Medeiros com 96 anos e o nosso irmão João Medeiros que não pode vir, é claro que faltaram, netos e sobrinhos que se viessem não precisaria vender ingresso só a familia encheria todas arquibancadas.



Na primeira foto, já em casa, o Vilmar o Hugo e a sobrinha Gaby.









Como vai ser dificil nomear todos, vou deixar que os conhecidos e familiares se achem nas várias fotos que postei. Na próxima oportunidade que o Enio tocar em Uruguaiana, vamos nos organizar e levar a maioria dos familiares, para mostrar o potencial dos Medeiros.




























































































































































































sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As histórias do Nicácio

BICÚ DE FERRO - Todos que são crioulos da região do Plano Alto, conheceram uma série de personagens daqueles pagos, entre eles : O Bicú de Ferro, Jesus Louco, Ciro Loco, O Ramires, o Dico Teles, o De Fato, enfim uma série de pessoas que se notabilizaram por seus feitos ou defeitos. Hoje o nosso personagem é o Seu Delfino, popular Bicú de Ferro, na realidade era conhecido como o Anus de Ferro, que transformamos em Bicú de Ferro por respeito as moças e Senhoras das redondezas. Pois o Bicú de Ferro não era mais grosso por falta de espaço, e meio peiteador também, se facilitassem ele tomava conta do pedaço. Tinha dois cavalos, um de sua montaria e outro para carregar seus pertences. Era um homem de quase dois metros de altura, forte, mal encarado e temido por toda a gurizada da região. Vivia de galpão em galpão, posando hoje aqui amnhã ali as vezes trabalhava uns dias pra conseguir uns pilas e os fins de semana costumava encilhar seu cavalo e se despedir da peonada com a seguinte frase: Bem hoje é sábado, vou descobri algum baile por esse chinaredo e arrastá o anus nos pedreguio. Mas tinha muitas pessoas que gostavam do seu jeito e da sua maneira de viver. As vezes quando se tornava meio petulante, era preciso o patrão ou o encarregado do estabelecimento botar ele campo a fora. Quando isso acontecia passava dias e dias sem aparecer, quando menos esperavam ele chegava na maior cara dura pra pedir uma posada e assim ia levando a vida flauteada. Certa feita ele tava tirando uns dias numa estância da região e no sábado como era de costume saia a procura de um fandando. A patroa vendo o dito cujo ensilhando o cavalo e querendo fazer média com suas amigas que estavam de visita, foi até a frente do galpão e mandou o peão caseiro pegar uns frangos e umas dúzias de ovos para dar pro seu Delfino vender no vilarejo e conseguir uns pila para seus folguedos. Satisfeito o Bicú de Ferro se mandou pra vila, pra arrumá uns cobres. No domingo a tarde a patroa ao ver o seu Delfino desencilhando seu cavalo,convidou suas visitas para saber como tinha sido a venda. Chegou e perguntou, seu Delfino conseguiu vender algo? No que ele ainda com alguns requicios de cachaça na muringa, respondeu prontamente. Olhe dona até que as galinha consegui vender, mas tomei um lassaço nos ovos. A mulher constrangida virou as costa e foi embora sem maiores explicações.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Entre umas e outras

Há dias que ando arredio, abro o blog, dou uma olhada e me aquieto como porco nas batatas. Hoje dei uma olhada no blog do Cebolinha que acompanho com carinho e achei nomes e fatos interessantes e conicidentes. Tem um causo de um surdo e o nome de uma personagem o Nicácio. Pois eu coincidentemente, criei uma personagens para minhas histórias, que chama-se Nicácio e já tenho pronto um boneco do que sera o meu próximo livro, o qual vai chamar-se '' AS HISTÓRIAS DO NICÁCIO'' e ainda entre tantos contos que o Nicácio vai contar, tem uma que é de um surdo, história esta que vou contar hoje.
O Nicácio foi Brigadiano e dos bons, briga até hoje depois de 20 anos na reserva, quando ouve o assiste alguém falando da Briosa, como a familia Brigadiana chama a Brigada Militar. Pois o Nicácio servia em Porto Alegre, quando veio tirar umas férias numa estância que seu pai foi capataz por 20 anos.Já no primeiro dia foi infeliz em sua empreitada. Desembarcou do Bonde nas três bocas e foi para a estância de carroça, lá chegando a sua espôsa foi pra cosinha onde tava sua mãe e o Nicácio foi direto pra mangueira onde estavam capando potro. O capador era um compadre do pai do Nicácio de nome Ramão Delgado. Entre os laçadores e o pessoal que lidava na mangueira, estava o surdo Aramis, também que nem a história do Cebolinha, mais surdo que uma porta, mas indio campeiro, domador e apesar da sua surdez mentiroso barbaridade. No momento que o Nicácio chegava na mangueira o Ramão Delgado gritava pra o Aramis, segura firme tchê porque daqui a pouco eu vou te passar a faca nas bolas, todos riam com a brincadeira e o surdo que não sabia o motivo ria também para ser um bom parceiro. O Nicácio que quando guri foi ginete e campeiro também, entrou dentro da mangueira já arrotando, puxa vida tenho que vir da Capital pra laça pra vocês, se não for a minha habilidade no laço termina o serviço aqui. Dito isso passou a mão num soveu de couro de capincho,destrenado mas sabendo o que ia fazer, buscou a volta e sem reboliar o laço que é o que se faz para laçar equinos, botou bem tronco do pescoço do potro, quadrou o corpo,calçou o garrão e esperou o simbronaço que veio ao natural, só que o indio da Capital e mãos finas e delicadas, não aguentou o repuxo, o soveu correu em suas mãos e seu quadril, limpando tudo que era coro que achou pela frente. Resultado o nosso Nicácio, campeiro e mostrando que realmente não tinha esquecido das lidas campeiras, ficou os quinze dias de férias que tirou na estância, curando as mãos e e quadrilho que ficou totalmente pelado com o acidente.

domingo, 27 de setembro de 2009

Semana Farroupilha - Livramento - rs





TRADICIONALISMO
PARCERIAS

O mundo moderno e não só ele, já nos idos tempos do nossos avós existiam as parcerias para que as coisas se tornassem mais fáceis para serem executadas.
Com todo o progresso e a tecnologia atual, as parcerias ainda são necessárias em todos os segmentos sociais, seja ele político, administrativos, estatais ou privados.
Santana do Livramento, não é diferente de nenhum lugar do mundo ou melhor Santana é totalmente diferente de qualquer outro lugar, mas com todas suas características peculiares da nossa região, aqui as coisas acontecem e com muito sucesso exatamente pelas parcerias que são acertadas em todos os segmentos da nossa comunidade.
No tradicionalismo, onde tivemos grandes ganhos, ganhos estes que conseguiram colocar este segmento no topo do mundo, com um desfile internacional demonstrando a integração total que só aqui existe, onde o nosso desfile mantém a união universal de nossa gente, onde brasileiros e uruguaios irmanados unem-se para mostrar ao mundo tão desregrado, que aqui não existem fronteiras, que aqui não há divisões, que aqui a divisa não divide, pelo contrário integra duas nações.
Pois aqui neste paraíso, nesta fronteira única, tivemos por contrariedades de alguns a perda de um grande parceiro, que nós dava gratuitamente apoio logístico, infra estrutura que não pode de maneira nenhuma ser desconsiderado por quem quer crescer.
O parceiro que perdemos, foi a ACIL Associação Comercial e Industrial de Livramento, que cansada de ser agredida gratuitamente, decidiu certamente por unanimidade de seus pares retirar-se da Comissão Permanente da Semana Farroupilha.
A Coordenadoria Municipal de Tradicionalismo desta cidade, que congrega 90% das Entidades Tradicionalistas da nossa cidade, agradece de publico esta parceria, que no nosso entender foi benéfico não só para os Tradicionalistas, mas para o evento Semana Farroupilha, que é uma festa da comunidade e dos gaúchos.
Sou membro efetivo da 18ª Região Tradicionalista e nas reuniões que participo nas 11 cidades que congregam essa Região, seguidamente vejo tradicionalistas dessas cidades reclamando a falta de apoio do poder público e das autoridades constituídas, pois aqui onde os Tradicionalistas tem o integral apoio dessas Entidades, mesmo assim a discórdia as divergências, as vaidades pessoais contestam o valor dos verdadeiros parceiros a ponto dos mesmos desgastados com colocações inverídicas e para salvar a honorabilidade de seus pares, acabam desistindo para olhar de fora um evento grandioso que têm a certeza que ajudaram a criar.
Portanto, fica o nosso sentimento de perda pela retirada da nossa grande companheira ‘’ACIL’’ que durante estes anos nos ajudou a formatar a festa mais importante para todos Tradicionalistas ‘’ A SEMANA FARROUPILHA ‘’.
Após o término do evento deste ano, fica aqui a nossa critica a todos os erros cometidos que só não prejudicaram a festa, porque ela acontece ao natural, brota do povo e do verdadeiro homem da campanha.
Parabéns as Entidades e principalmente parabéns as não filiadas que são maioria absoluta e que se alijadas do seu direito universal de participação ai sim a festa jamais será a mesma.
Fica aqui o nosso sentimento de perda, pela falta que fez e fará sempre a ACIL em qualquer evento que envolva a comunidade como um todo.
Que os erros cometidos neste ano, sirvam para os próximos participantes dessa Organização fazer uma mea-culpa e dar o direito de participação de todos, filiados ou não.
Apesar de termos uma lei Municipal que foi elaborada para conciliar e auxiliar quem organiza, esta foi totalmente desrespeitada.
Fica o meu protesto veemente contra esse Dec. Estadual que determina a participação da Prefeitura como convidada, quando penso que o Poder Público Municipal tem que ser inserido dentro do contexto dessa festa, pois sem o Poder Público ela não acontece.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

PRIMAVERA

Somos felizes parceiros
Nesta trova de quimeras
Sentindo o cheiro das flores
No inicio da Primavera

A Primavera nos brinda
Com odores direrente
Que bom estarmos aqui
Recebendo este presente

Os jardin ficam floridos
Os campos mudam as cores
Por isso somos felizes
Com a chegada das flores

Livramento e Rivera
Nesta fronteira infinita
Floridas como estão
Cada vez são mais bonitas

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Semana Farroupilha - Livramento - rs

Acabou a Semana Farroupilha. Eu vou ser sincero, sai um outro gaucho depois de tudo que assisti e vi durante este evento. Primeiro: O Acampamento Farroupilha em matéria de tradição é uma utopia. É um acampamento particular, familiar e empresarial. Nunca foi e nem será um acampamento tradicionalista na acepção da palavra. Pode até ser para os Porto Alegrense, mas para o verdadeiro gaucho desta pampa nunca será. Lá, só entra que os donos de cada galpão ou piquete os demais ficam na volta como burro de olaria. Tomar um mate e jogar conversa fora só nos bares que são públicos. Segundo: Eu não sabia que os líderes Farrapos, Bento e seus subordinados, tinham sido indenizados para terminar com a revolução. Ao saber disso, sinceramento perdi o respeito ou admiração que tinha pelos ditos cujos. Falcatruas e safadezas eu tinha conhecimento, mas que receberam para assinar a paz, essa me derrubou. Vou continuar acreditando no meu tradicionalismo, aquele que aprendi nos galpões de estância por onde passei, o resto pra mim e pura demagogia. Terceiro: A Semana Farroupilha de Livramento, é a melhor do Estado, com todas os erros que cometeu a Comissão Organizadora, que centralizou suas decisões em apenas duas pessoas , fazendo com que a desorganização fosse a maior que já vi desde que milito nessa área, as Entidades da Coordenadoria Municipal de Tradicionalismo conseguiram fazer um desfile de gala. Estou esperando as explicações da Comissão formada por duas Entidades. Por mais que queiram não terão como explicar os absurdos cometidos.

sábado, 19 de setembro de 2009

Semana Farroupilha - Livramento - rs


Após alguns dias fora de Livramento, diga-se de passagem por primeira vez ausentei-me em epóca tão importante, na minha crença já desgatada e inclusive olhando de uma outra forma para as minhas conficções.
Mas de qualquer forma, voltei ao berço do tradicionalismo, onde pude confirmar sem sombra de dúvidas que aqui se pratica a tradição espontânea, sem frescura, mesmo que as vezes queiram nos bitolar ou então colocar tapa olhos para que a gente enchergue só pra frente, mas graças a maioria dos gaúchos desta cidade, nós podemos olhar para os lados e onde quisermos, e é aí que conseguimos ver os absurdos aqui também cometidos em nome da tradição. Radicalismos, prepotência, discriminação, desintegração e ignorância, são fatos fáceis de observar no andamento da carreta que não acomoda todas as melancias. A Comissão por primeira vez patrocina schows com artistas de fora patrocinados por verba que certamente saberemos de onde vem e pra onde vai, por que segundo o que ouço em outras épocas o dinheiro vinha mas o destino era dúbio. O que surpreende, é que esses schows acontecem em Entidades pontuadas, não são todas que merccem ser beneficiadas ou agraciadas com os artistas que tem se apresentado. Como fui e agora não sou mais membro da Comissão Organizadora, não sei a maneira ou o critério usado para a escolha das apresentações, mas espero que a comunidade saiba o porquê umas tem schows e outras não. Se a verba e angariada em nome dessa Comissão, os beneficiados devem ser a comunidade Santanense e não ao bel prazer de quem administra esse dinheiro. Semana Farroupilha não é de quem quer que seja, é de todos e assim deve ser o entendimento dos organizadores. Mas com certeza essas apresentações devem ter sido decididas em reuniões de todo o grupo e certamente consta em ata com a assinatura dos componentes dessa Comissão o motivo e a escolha dos beneficiados. Queremos registrar que a Coordenadoria Municipal de Tradicionalismo, sem muito alarde vem fazendo o que sempre fez, fazer eventos para o público em geral, para que a comunidade possa participar, sem usar subterfúgios para impedir que uma ou outra Entidade não possa participar do que ela organiza. Dentro desta filosofia é que estamos com todas as dificuldades e sem ser beneficiada por um centavo da verba que foi destinada para a Semana Farroupilha desta cidade, nós da CMT estamos efetuando com a Prefeitura Municipal , a Associação Rural e '' apoio '' da Comissão Organizadora, as gineteadas que iniciaram no dia 18 e encerram no dia 19 no Parque da Rural. Para encerrar, a foto postada neste Blog, é do autor do mesmo, montado numa eguaça de propriedade do nosso amigo Eder membro efetivo da Comissão Organizadora da Semana Farroupilha e que gentilmente me emprestou para a foto.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Semana Farroupilha

No dia 14 de setembro, viajei de Lageado para Caxias do Sul e dia 15 fui de Caxias a Porto Alegre onde permaneci até o dia 16 oportunidade que retornei a Lageado. Ness excursão tive a oportunidade de verificar em várias localidades a maneira de como essas comunidades festejam a Semana Farroupilha. Lageado não vi nada a não ser umas três pessoas pilchadas e nenhum evento a não ser o anúncio na TV que a espada que pertenceu a Bento Gonçalves estava exposta na Casa de Cultura. Entre Lageado e Caxias do Sul,não vi ninguém pilchado ou qualquer referência ao evento que segundo a midia está sendo comemorado em todo o Estado. Em Caxias, andei pelos bairro sem ir ao centro, também não via nada a respeito, e ninguém pilchado com excessão do meu neto de apenas 3 anos que ao me ver pilchado exigiu que a sua mãe providenciasse em suas pilchas. De Caxias a Porto Alegre, não vi nehum movimento nesse sentido. Na Capital os únicos pilchados que encontrei foram meus colegas Conselheiros da ASSTBM ( Associação de Sargento, Sub Tenentes e Tenentes da Brigada Militar ), que estavam a caracter a pedido do Presidente do Conselho que queria na reunião homenagear os Farroupilhas. Na noite do dia 15 eu e mais dois colegas, fomos ao Acampamento Farroupilha, tão badalado e o único que recebe em torno de um milhão de reais para o evento e que desse montão de dinheiro,sai os caraminguados pilas para as cidades do interior organizarem suas festas. Fiquei não surpreso, porque já tinha essa certeza por já ter visitado esse acampamento em outras oportunidades, simplesmente comprovei o tradicionalismo cultuado em Porto Alegre. Galpões e Piquetes particulares, de firmas ou de grupos familiares, com pouca participação de CTGs, que mantem as entradas fechadas ou se abertas com um ou dois segurança nas cancelas com a determinação de só entrar que tiver permisso para isso. Sim mas tem o problema segurança, que até concordo em partes. Mas a minha conclusão, é que é um tradicionalismo particular, familiar ou empresarial que nada tem a ver com aquele tradicionalismo expontâneo que costumamos presenciar e participar em nossas cidades do interior ( campanha )do Estado e nem nada a ver também com o tradicionalismo Organizado que apregoado e cobrado pelo órgão maior. Fica uma observação, aos tradicionalista principalmente de Livramento: Aqui as Comissões Organizadores não tem a mesma missão, de proibir os cavaleiros de andarem complicando pelas ruas, por aqui eles não andam a cavalo.