Minhas raízes

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Uruguaiana

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

As histórias do Nicácio




Ilustração 1 –
Aqui nasceu o Nicácio

Nicácio nasceu num galpão, não foi o primeiro e nem será o último, acredito que mesmo com o progresso hoje existente, ainda muita gente nasce em galpões.
O galpão que o Nicácio nasceu servia para guardar materiais da casa, um verdadeiro depósito, tinha um pouco de cada coisa, inclusive o cantinho onde a mãe do Nicácio aninhou-se para pari-lo.
Galpão para quem não sabe, é o nome dado a uma edificação rústica, em tempos passados de barro e capim, mais tarde de tábuas e hoje geralmente de alvenaria. O que o Nicácio nasceu já era moderno, era construído de tábuas.
Hoje os galpões são diferentes, tem um relativo conforto, luz elétrica, lareira com chaminé, televisão, banho quente, quartos para os peões. Antigamente, não tinha camas, dormia-se em catres ou em camas de pelegos no chão a beira do fogo com muita fumaça.
Na realidade, era uma senzala, a única diferença é que não se dormia trancado, não tinha tronco para castigar as pessoas e nem correntes para acorrentá-las.
O galpão onde nasceu o Nicácio, conforme afirmei no início, não era de estância, mas era um galpão com as mesmas características, só que era numa Vila, hoje quase uma pequena cidade.
Quando o Nicácio nasceu nesse galpão e nessa Vila , existia muita pobreza.Os pais do Nicácio muito pobres moravam nesse galpão que pertencia aos pais de criação da mãe dele, que foi dada que nem ele, alguns dos seus irmãos e nossos ancestrais.
Foi nesse galpão, que através da habilidade de uma parteira de campanha que Nicácio veio ao mundo, nesse mundo de hoje cheio de preconceitos, problemas, desacertos, desentendimentos, que naquela época também já existiam.
Assim que meteu a cara pra fora, um impasse.
Seus pais não sabiam como iam criá-lo, era mais uma boca para alimentar.
Foi diante dessa dificuldade que a parteira deu a sugestão necessária para sanar o problema.
Se me derem pra mim eu crio esse Negrinho.
A decisão foi imediata, Nicácio foi dado na hora, seguindo o caminho de outros irmãos que também foram dados.( Negros Dados)
Apesar de ter sido dado, foi uma doação diferente. Com sua mãe adotiva, teve muito carinho, não só dela como dos seus irmãos emprestados e seus tios que apesar da pobreza viviam harmoniosamente e tudo faziam para agradar e atender as suas necessidades básicas.
Sua infância foi como a de qualquer piá pobre, só que com uma diferença marcante. Ele era pobre e negro.
Mas para surpresa sua não consegue lembrar de fatos marcantes ou desagradáveis que pudessem marcar sua personalidade.
Ele inclusive acha que na realidade, fui adotado não só pela Vó Chata, mas também pelos moradores da Vila.
É conhecido até hoje como o ‘’Negrinho da Vó Chata’’.
A seu respeito contam muitas histórias, umas verdadeiras outras inventadas, mas nenhuma que desabone sua pessoa ou seu familiares.
Algumas dessas histórias vou contá-las para que os leitores façam o seu julgamento.
Quando ele vai ao Plano Alto, é procurado por jovens e velhos, os jovens querendo saber se as histórias são verdadeiras e os velhos dizendo que participaram ou assistiram muitas das suas falcatruas de guri.
Ele fica muito feliz ao ser lembrado com carinho pelos moradores do local onde nasceu..
Aqui em Livramento, onde mora a mais de 30 anos, tem três amigos Plano altenses, O Adailson Falcão, o Álvaro Murad, e a Marlene
Lembra ainda das famílias cujos filhos foram guris com ele. São eles os Falcões, Polanos, Varelas, Freitas, Souzas, Goulartes, Camargos, Jacques, Pereiras, Lopes, Soares, Jardins, Correas, Aripes, Rebés, Almeidas,Ajallas e tantas outras que no momento não lembra. Antes de publicar este capitulo, vai procurar conversar com amigos e pessoas daquela época para que fique registrado sem esquecer-se de ninguém.
Uma coisa ele tem certeza. Essas pessoas tiveram de uma maneira ou de outra, grande influência na formação da sua infância e na trajetória do que tornou-se com o passar dos anos.
Quando encontra com os amigos e comum recordarem o tempo de guri e as falcatruas cometidas .
Aqui em Livramento, relembra seguidamente em conversas de fim de tarde, sua infância com muito orgulho.
Quer neste livro deixar registrado não só a sua infância, mas a infância de todos amigos que lhe ajudaram a formar a personalidade que tem até o dia de hoje.
As suas histórias, serão as histórias deles, elas só aconteceram em função da amizade que envolveu a todos.




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