Minhas raízes

Minhas raízes
Uruguaiana

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Os bons ventos


Neste fim de semana, realizamos a 2ª Cavalgada dos Ventos, pela linha de fronteira. Está de parabens o Grupo Santanense de Cavalgadas que conseguiu num período de férias, juntar mais de 50 cavaleiros e amazonas, e ainda um grande número de acompanhantes, fora as autoridades que participaram ou se fizeram represntar no evento.
Em anexo algumas fotos dos lindos lugares e belas paisagens que tivemos a oportunidade de admirar.








































































quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Vamos pescar...

COMO PESCAR MUÇUM

O irmão do Nicácio, vulgo URTIGÃO, era capataz de uma estância de propriedade do Dr. Macia, próximo de Carumbé, onde hoje o capataz é outro mano aopopular MULITA.

Bem o Urtigão, conseguiu com o dono da estância para o Nicácio passar uns dias de férias com a família.

O Nicácio andava mais faceiro que ganso novo em taipa de açude.

Pelado, não tinha na época nem os sete palmos necessário para o descanso eterno, mesmo assim, tiraria férias numa estância com toda a mordomia.

Pois foi nessa estância que numa das tanta campereadas diárias aconteceu o fato aqui narrado pelo Nicácio.

Fazia uma seca terrível, água não existia nas sangas, só nos lagoões do mato, ou na estância onde a água era puxada de uma vertente para as casas, mas essa água era só para uso da cozinha e para beber.

Tinha um moinho e um poço artesiano cuja água era muito salobra não dava pra tomar, era usada para o banho do gado, dos peões e para limpar a louça suja.

Numa das saídas para os campos da estância, havia uma cacimba de água cristalina, gelada e bem doce, que sempre quando os campeiros vinham do campo chegavam ali para saciar a sede.

Nesse dia, vinha o Nicácio, o Newton, o Pirola louco, e um alemão que ele não lembra o nome.

Nessa cacimba tinha um pé de salso onde um caneco feito de uma lata de azeite servia de copo para o pessoal beber água.

Quando se aproximaram da cacimba, o alemão atropelou o cavalo na frente dos outros, apeou e não usou o como todos faziam, tirou o chapéu, abanou a água para limpar alguma sujeira, debruçou-se na beira da cacimba e começou a matar a sede, repentinamente, quando todos estavam chegando para tomar água, o alemão se atirou violentamente para traz e deu um enorme berro: Ahhhhhhhhh

Os que chegavam foram surpreendidos, pois o alemão tinha grudado em seu lábio, um muçum de quase 1 metro, que também apavorado com o grito do cristão, soltou imediatamente a sua presa e ficou se retorcendo fora d’água, procurando desesperadamente retornar ao seu habitat.

Passada a surpresa e todos rindo do acontecido tomaram água no caneco e foram para a estância, só que o beiço do alemão estava totalmente inchado e dolorido.

A esposa do Nicácio foi quem socorreu o rapaz, após colocar mertiolate o aconselhou a fazer compressas com gelo para que o lábio desinchasse.

E o Pirola louco, dizia no galpão dando risadas, não precisa gelo dona, só com o crecholate – mertiolate - vai curar.

Após o acontecimento, o assunto no galpão na hora do mate era como ele tinha conseguido fazer aquela pescaria inédita, todos davam muitos palpites, mas o que mais se aproximou da verdade, foi o fato do rapaz ter os lábios vermelhos e certamente o muçum com a seca estava louco de fome e ao notar os lábios cor de pitangas não se agüentou e deu o beijo fatídico.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vamos pescar...

PESCARIAS

Embora sejam muitas vezes usadas como sinônimos, para os cientistas e administradores pesqueiros estas duas palavras têm diferentes significados.
Enquanto que a pesca é o próprio acto de capturar animais aquáticos ou de os criar, uma pescaria é o conjunto do ecossistema e de todos os meios que nele actuam – barcos e artes de pesca – para capturar uma espécie ou um grupo de espécies afins.
Por exemplo, a pescaria de arenque do Mar do norte, a pescaria de anchoveta do Peru e do Chile, a pescaria recreativa de achigã (black bass) no lago Ontário.
No entanto, referimo-nos às pescarias de camarão de Madagáscar porque incluem uma componente industrial e outra artesanal ou as pescarias de atum porque têm diferentes espécies-alvo e são capturadas em diferentes oceanos.
Embora sejam muitas vezes usadas como sinônimos, para os cientistas e administradores pesqueiros estas duas palavras têm diferentes significados.
As pescarias que o Nicácio participou ou fez, nunca tiveram essa interpretação cientifica, mas mesmo assim merecem serem contadas pelas suas peculiaridades da época.
Havia no centro da vila de Plano Alto um pequeno açude; que servia para dar água aos animais e também para banhos e brincadeiras da gurizada local, inclusive degrandes piqueniques e pescarias que eram organizadas pelos piás da localidade.
Conforme já comentamos em capítulos anteriores, um dos melhores amigos de infância do Nicáciofoi o Jerônimo Lopes, popularmente conhecido como ‘’JECA’’
Nicácio foi um dos grandes pescadores no açude. Certa feita estavam reunidos todos com o mesmo objetivo, pescar.
É claro que lá estava junto com todos, o grande parceiro do Nicácio, o Jeca. Ele só não participava das brincadeiras quando não conseguia permissão para tal, seus pais eram rígidos e consideravam a piazada como uma companhia desagradável e que só davam maus exemplos.
Iniciaram a programação como qualquer pescador profissional, tentando conseguir a isca necessária para tentar fisgar alguns peixes maiores, que até hoje não se sabe se tinham e se realmente existiam nunca vimos e nem conseguimos pescar algum.
Foi no processo de conseguir a isca necessária para a pescaria que aconteceu um pequeno incidente, que acabou revolucionando toda a Vila e atingindo em cheio um dos parceiros.
Lambaris existiam e muitos, o que a gurizada fazia grande algazarra quando conseguia fisgar um que outro. O Nicácio como grande profissional na pesca, de lambari é claro, manobrava com grande habilidade seu caniço, quando de repente sentiu uma forte resistência ao tentar lançá-lo novamente a água, achou que algo segurava sua linha.
Voltou-se para identificar o motivo que trancava sua vara de pescar, ficou apavorado quando viu que o anzol tinha ficado firmemente preso ao músculo do Jeca que se retorcia de dor.
O anzol enterrou até o meio no braço do seu amigo.
Percebendo a gravidade do seu ato, largou a vara de pescar e correu o que pode, não para pedir socorro, mas para esconder-se em baixo da saia da Vó Chata.
O fato em si, foi um acontecimento na Vila, todos acorreram pra lá, queriam ver o crime que o Nicácio tinha cometido.
Foi um acontecimento que marcou muito, pelo susto inicial, pela dificuldade que seria para socorrer o acidentado e ainda pelo desespero do seu parceiro que não parava de gritar,
Mais tarde ele confessou que já não doía, mas só em ver aquele pequeno anzol enterrado em seu braço, era o necessário para ele fazer todo o mosquedo.
Os primeiros socorros vieram através do enfermeiro que servia de Dr. Na Vila, Vando Jardim, popular galinha preta.
O enfermeiro procurou acalmar o Jeca, com uma faca cortou a linha, deixando só o anzol firme no braço do nosso amigo.
Na Vila não foi possível resolver o problema, foi necessário providenciar uma condução para levar o Jeca para Uruguaiana, distante 70 km da Vila, onde foi feita uma pequena cirurgia para tirar o anzol do seu braço.
Com esse incidente, ficou totalmente proibida a pescaria da gurizada no local.
O autor da façanha, o nosso amigo Nicácio, foi esquecido pelos socorristas, que se lembraram dele só quando tiveram a certeza que a vítima estava medicada e sem perigo.
É claro que nessas alturas o Nicácio já tinha seus defensores e a falta não foi considerada tão grave como parecia.
Até hoje os velhos que eram guris como ele na época o culpampor ter com esse incidente, acabado com um dos melhores lazeres que tinha para a gurizada.
A lagoa não existe mais, o amigo do Nicácio, o Jeca, faleceu prematuramente e esta história ficou gravada no tempo e hoje neste relato, mas com certeza ainda existem muitos que foram pescadores que nem o Nicácio na Vila do Plano Alto.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Lenha do Pobre


Queridos amigos, estarei a partir de hoje, intercalando em minhas postagens,contos do meu próximo livro cujo título é ''AS HISTÓRIAS DO NICÁCIO'', ficaria imensamente grato pelos comentários e críticas que com certeza me darão a segurança necessária para meus trabalhos literários.
A biomassa é uma alternativa de combustível renovável, e sua utilização tem sido estimulada por leis e normas ambientais, possibilitando seus usuários a buscar o crédito de carbono – Protocolo de Kioto.
Trata-se de uma solução doméstica, com forte apelo social e econômico – gera empregos e grande redução nos custos das empresas usuárias.
A matéria vem de sobras das serrarias, reflorestamentos, indústrias moveleiras e da madeira descarte – reciclagem.
Quando o Nicácio era guri, essa tecnologia supracitada, não existia e muito menos no Plano Alto, onde até hoje não existe um pau de lenha para queimar.
Ou melhor, árvores existem e bastante, porque os planos altenses são conservadores e amam a natureza e se assim não o fossem, no verão queimariam vivo, nessa época o calor é insuportável.
Naqueles tempos, conseguir lenha não era tão fácil como pode parecer.
Nas estâncias que tinham matos a tarefa consistia em mandar um peão fazer a carga de lenhas (cortar), depois de cortada, ia uma carroça para trazê-la para a sede da estância (as casas).
Se não tivesse matos, o fazendeiro conseguia com seus vizinhos que tinham matos e mandava seus peões cortar e trazer a carga de lenha..
O Nicácio como guri e peão de estâncias, participou dessas atividades muitas vezes.
O pobre era diferente, em princípio não tinha a facilidade dos fazendeiros, para conseguir uma carga de lenha, só se o patrão lhe desse e se conseguia isso podia considerar-se um privilegiado.
Cortavam-se árvores sem controle nenhum, o Espinilho, mata olho, branquilho, araçá, soita cavalo e outras espécies que não lembro.
A devastação era total e sem controle algum.
Na Vila onde Nicácio nasceu e se criou, (Plano Alto),ele não lembra de alguma vez ter ganho lenha, portanto os moradores tinham que virar-se para enfrentar o inverno e o dia a dia da casa.
Não havia gás muito menos fogões que existem hoje. Se havia fogões a gás, sinceramente o Nicácio não lembra ou nunca teve a oportunidade de ver.
O que ele lembra é que nem os fogões a lenha o pessoal pobre tinha.
Na casa do Nicácio e na casa dos seus amigos que eram pobres como ele, o que existia eram fogões feitos de barro com uma chapa velha de algum fogão usado ou então em vez da chapa usava-se um latão grosso.
Na maioria das casas queimava-se esterco de vaca, essa era a lenha que ele conheceu e usou por muitos anos.
Para conseguir era necessário juntá-la nos campos próximos a Vila.
Existia em abundância, mas era muito difícil de consegui-la.
Os proprietários de terras ou das estâncias próximas a Vila não permitiam que os guris juntassem esse tipo de combustível para os fogões.
Alguns, por pura nulidade que eram outros tinham suas razões, porque os guris não entendiam o funcionamento dos animais nos campos e quando íamos juntar não escolhíamos horários, simplesmente invadiam os campos e com isso produziam grandes movimentos dos animais que pastavam ou próximo ao meio-dia estavam descansando nas aguadas.
Outro particular referente a esse assunto era o mau cheiro que o esterco deixava ao ser queimado.
As casas, as roupas e as pessoas que usavam essa maneira de aquecer-se ou fazerem suas alimentações, cheiravam, ou melhor, fediam a M... De vaca a distancia.