Minhas raízes

Minhas raízes
Uruguaiana

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Lenha do Pobre


Queridos amigos, estarei a partir de hoje, intercalando em minhas postagens,contos do meu próximo livro cujo título é ''AS HISTÓRIAS DO NICÁCIO'', ficaria imensamente grato pelos comentários e críticas que com certeza me darão a segurança necessária para meus trabalhos literários.
A biomassa é uma alternativa de combustível renovável, e sua utilização tem sido estimulada por leis e normas ambientais, possibilitando seus usuários a buscar o crédito de carbono – Protocolo de Kioto.
Trata-se de uma solução doméstica, com forte apelo social e econômico – gera empregos e grande redução nos custos das empresas usuárias.
A matéria vem de sobras das serrarias, reflorestamentos, indústrias moveleiras e da madeira descarte – reciclagem.
Quando o Nicácio era guri, essa tecnologia supracitada, não existia e muito menos no Plano Alto, onde até hoje não existe um pau de lenha para queimar.
Ou melhor, árvores existem e bastante, porque os planos altenses são conservadores e amam a natureza e se assim não o fossem, no verão queimariam vivo, nessa época o calor é insuportável.
Naqueles tempos, conseguir lenha não era tão fácil como pode parecer.
Nas estâncias que tinham matos a tarefa consistia em mandar um peão fazer a carga de lenhas (cortar), depois de cortada, ia uma carroça para trazê-la para a sede da estância (as casas).
Se não tivesse matos, o fazendeiro conseguia com seus vizinhos que tinham matos e mandava seus peões cortar e trazer a carga de lenha..
O Nicácio como guri e peão de estâncias, participou dessas atividades muitas vezes.
O pobre era diferente, em princípio não tinha a facilidade dos fazendeiros, para conseguir uma carga de lenha, só se o patrão lhe desse e se conseguia isso podia considerar-se um privilegiado.
Cortavam-se árvores sem controle nenhum, o Espinilho, mata olho, branquilho, araçá, soita cavalo e outras espécies que não lembro.
A devastação era total e sem controle algum.
Na Vila onde Nicácio nasceu e se criou, (Plano Alto),ele não lembra de alguma vez ter ganho lenha, portanto os moradores tinham que virar-se para enfrentar o inverno e o dia a dia da casa.
Não havia gás muito menos fogões que existem hoje. Se havia fogões a gás, sinceramente o Nicácio não lembra ou nunca teve a oportunidade de ver.
O que ele lembra é que nem os fogões a lenha o pessoal pobre tinha.
Na casa do Nicácio e na casa dos seus amigos que eram pobres como ele, o que existia eram fogões feitos de barro com uma chapa velha de algum fogão usado ou então em vez da chapa usava-se um latão grosso.
Na maioria das casas queimava-se esterco de vaca, essa era a lenha que ele conheceu e usou por muitos anos.
Para conseguir era necessário juntá-la nos campos próximos a Vila.
Existia em abundância, mas era muito difícil de consegui-la.
Os proprietários de terras ou das estâncias próximas a Vila não permitiam que os guris juntassem esse tipo de combustível para os fogões.
Alguns, por pura nulidade que eram outros tinham suas razões, porque os guris não entendiam o funcionamento dos animais nos campos e quando íamos juntar não escolhíamos horários, simplesmente invadiam os campos e com isso produziam grandes movimentos dos animais que pastavam ou próximo ao meio-dia estavam descansando nas aguadas.
Outro particular referente a esse assunto era o mau cheiro que o esterco deixava ao ser queimado.
As casas, as roupas e as pessoas que usavam essa maneira de aquecer-se ou fazerem suas alimentações, cheiravam, ou melhor, fediam a M... De vaca a distancia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário