Minhas raízes

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Uruguaiana

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vamos pescar...

PESCARIAS

Embora sejam muitas vezes usadas como sinônimos, para os cientistas e administradores pesqueiros estas duas palavras têm diferentes significados.
Enquanto que a pesca é o próprio acto de capturar animais aquáticos ou de os criar, uma pescaria é o conjunto do ecossistema e de todos os meios que nele actuam – barcos e artes de pesca – para capturar uma espécie ou um grupo de espécies afins.
Por exemplo, a pescaria de arenque do Mar do norte, a pescaria de anchoveta do Peru e do Chile, a pescaria recreativa de achigã (black bass) no lago Ontário.
No entanto, referimo-nos às pescarias de camarão de Madagáscar porque incluem uma componente industrial e outra artesanal ou as pescarias de atum porque têm diferentes espécies-alvo e são capturadas em diferentes oceanos.
Embora sejam muitas vezes usadas como sinônimos, para os cientistas e administradores pesqueiros estas duas palavras têm diferentes significados.
As pescarias que o Nicácio participou ou fez, nunca tiveram essa interpretação cientifica, mas mesmo assim merecem serem contadas pelas suas peculiaridades da época.
Havia no centro da vila de Plano Alto um pequeno açude; que servia para dar água aos animais e também para banhos e brincadeiras da gurizada local, inclusive degrandes piqueniques e pescarias que eram organizadas pelos piás da localidade.
Conforme já comentamos em capítulos anteriores, um dos melhores amigos de infância do Nicáciofoi o Jerônimo Lopes, popularmente conhecido como ‘’JECA’’
Nicácio foi um dos grandes pescadores no açude. Certa feita estavam reunidos todos com o mesmo objetivo, pescar.
É claro que lá estava junto com todos, o grande parceiro do Nicácio, o Jeca. Ele só não participava das brincadeiras quando não conseguia permissão para tal, seus pais eram rígidos e consideravam a piazada como uma companhia desagradável e que só davam maus exemplos.
Iniciaram a programação como qualquer pescador profissional, tentando conseguir a isca necessária para tentar fisgar alguns peixes maiores, que até hoje não se sabe se tinham e se realmente existiam nunca vimos e nem conseguimos pescar algum.
Foi no processo de conseguir a isca necessária para a pescaria que aconteceu um pequeno incidente, que acabou revolucionando toda a Vila e atingindo em cheio um dos parceiros.
Lambaris existiam e muitos, o que a gurizada fazia grande algazarra quando conseguia fisgar um que outro. O Nicácio como grande profissional na pesca, de lambari é claro, manobrava com grande habilidade seu caniço, quando de repente sentiu uma forte resistência ao tentar lançá-lo novamente a água, achou que algo segurava sua linha.
Voltou-se para identificar o motivo que trancava sua vara de pescar, ficou apavorado quando viu que o anzol tinha ficado firmemente preso ao músculo do Jeca que se retorcia de dor.
O anzol enterrou até o meio no braço do seu amigo.
Percebendo a gravidade do seu ato, largou a vara de pescar e correu o que pode, não para pedir socorro, mas para esconder-se em baixo da saia da Vó Chata.
O fato em si, foi um acontecimento na Vila, todos acorreram pra lá, queriam ver o crime que o Nicácio tinha cometido.
Foi um acontecimento que marcou muito, pelo susto inicial, pela dificuldade que seria para socorrer o acidentado e ainda pelo desespero do seu parceiro que não parava de gritar,
Mais tarde ele confessou que já não doía, mas só em ver aquele pequeno anzol enterrado em seu braço, era o necessário para ele fazer todo o mosquedo.
Os primeiros socorros vieram através do enfermeiro que servia de Dr. Na Vila, Vando Jardim, popular galinha preta.
O enfermeiro procurou acalmar o Jeca, com uma faca cortou a linha, deixando só o anzol firme no braço do nosso amigo.
Na Vila não foi possível resolver o problema, foi necessário providenciar uma condução para levar o Jeca para Uruguaiana, distante 70 km da Vila, onde foi feita uma pequena cirurgia para tirar o anzol do seu braço.
Com esse incidente, ficou totalmente proibida a pescaria da gurizada no local.
O autor da façanha, o nosso amigo Nicácio, foi esquecido pelos socorristas, que se lembraram dele só quando tiveram a certeza que a vítima estava medicada e sem perigo.
É claro que nessas alturas o Nicácio já tinha seus defensores e a falta não foi considerada tão grave como parecia.
Até hoje os velhos que eram guris como ele na época o culpampor ter com esse incidente, acabado com um dos melhores lazeres que tinha para a gurizada.
A lagoa não existe mais, o amigo do Nicácio, o Jeca, faleceu prematuramente e esta história ficou gravada no tempo e hoje neste relato, mas com certeza ainda existem muitos que foram pescadores que nem o Nicácio na Vila do Plano Alto.

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