Minhas raízes

Minhas raízes
Uruguaiana

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Reflexões - 4

A partir de hoje quando o tema for Reflexões, serão numerados para melhor identificá-los. As vezes me pegunto como consegui chegar a ser um Fuzileiro Naval. Lembro que até hoje meu pai com 96 anos, diz para seus amigos com muito orgulho: Meu filho foi Naval. Sinceramente não sei se ele sabe o que é ser um Naval, mas o que sei é que ele diz isso com muito orgulho. Eu fui um peão de estância até os 18 anos, grosso como dedo destroncado e ainda com pouca cultura. Mas a cultura que a Tia Beda e as outras Professoras la do Plano Alto me ensinaram, foi fundamental para que eu conseguisse passar no concurso do Grupamento de Fuzileiros Navais de Uruguaiana. Quando eu cheguei na Marinha, o Grupamento era formado por muitos bolas sete e eu curioso quis saber o que significava ser bola sete, e como naquela época diziam de boca cheia no quartel que gaucho era bunda mol, eu quis ser bola sete pra mostrar que eu não era bunda mol. Bem só hoje eu entendo porque me deram baixa quando eu pedi enganjamento. Só que quando me deram o desligamento, eu era outra pessoa, o peão de estância que havia chegado acanhado e tímido, tinha ficado pra traz e com certeza essa mudança foi que me possibilitou todas as conquistas que tive na vida até o dia de hoje.E agora depois de muitos anos longe, tive a felicidade de através de um grande amigo , Irineu Jardim chegar até um colega de turma, o Ayres Jardim e através deste encontrar outros colegas e hoje com muito orgulho, fazer parte dos Veteranos da AVCFN.E essa volta me possibilitou recordar e relembrar os bons tempos de Fuzileiro. Quando fui desafiado por um colega para que contasse as histórias do Ivo, lembrei do meu batismo de fogo que não foi no Ivo e sim no Caberé da Suzana que todos nós conhecemos. Eu tinha saido da condição de aquartelado para fazer parte dos lincenciados que tinha o direito de baixar terra e zuar pela noite Uruguaianense. Foi nessa condição que numa noite de festa eu recebi a missão mais importante do grupo. Me disse o Jabá que foi o chefe da favela, pensão onde moravam 23 fuzileiros e um guarda noturno. Tche baiano tu é um cara novo e tem começar a sentir a responsabilidade de ser um verdadeiro fuzileiro. Hoje nós vamos ir na Zusana e a tua missão é se caso der qualquer problema tu não deixar ninguém chegar perto do telefone. Estufuei o peito de orgulho e assim que chegamos no Cabaré, localizei o telefone em um canto em cima de uma mesinha. Após localizado o meu posto de serviço, fiquei atento. Tudo estava tranquilo até que estorou o bochincho la pelas três da madrugada. Eu prontamente me dirigi ao telefone pra não deixar ninguém usá-lo, foi quando uma gringa de um metro e setenta se aproximou e quis pegar o telefone pra chamar o meganhas eu prontamente me interpús no seu caminho. Foi exatamente nesse momento que ela me deu bangornaço no ouvido que me atirou longe e usou o telefone ao seu bel prazer. O tapa que levei no ouvido não foi tão dolorido, dolorido e constrangedor foi o comentário no quartel no dia seguinte, inclusive numa instrução no mato do cacaréu um instrutor se refeiu a minha pessoa da seguine maneira:Ô fuzileiro, você que é bom telefonista, diz pra turma como se faz pra que não usem o telefone quando sua missão é não permitir o seu uso. Foi com fracassos como esse que acabei sendo mais tarde respeitado e considerado um bom parceiro. Só que esse sucesso me custou o desligamento e a frustração dos planos que eu tinha em relação a continuidade da minha carreira

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