Minhas raízes

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Uruguaiana

quinta-feira, 10 de junho de 2010

CAMINHOS DO ANDES


EL COMIENÇO
Para conseguir dirigir esses brutus nessa região montanhosas e cheia de gelo, foi necessário um aprendizado com um professor experiente e capaz, todas as viagens que fiz sem ter o menor problema agradeço ao instrutor que não mediu esforços para me deixar apto para a função. abaixo uma das tantas histórias que vivemos juntos no meu aprendizado.
Quando decidi ser caminhoneiro, procurei descobrir como aprender a manobrar os brutos. E nessa procura foi que me lembrei do meu vizinho e amigo que tinha caminhões e com certeza seria um bom professor.
Realmente, tudo que aprendi nessa área devo ao BETO, proprietário de uma pequena hoje grande empresa de transporte, A TRANSMELLO, que administrada pela família, tornou-se uma das maiores empresas de transporte em livramento. Essa empresa hoje está sob o comando do João Melo, popular JACU, onde os funcionários pertencem à própria família Mello. Após mostrar meu interesse, comecei a viajar com ele e aprender a conhecer as manhas da profissão.
Nessas condições foi que levamos muitas cargas para Rio Grande.
Numa dessas, fomos ao Super Porto levar uma carga de carne em conserva que era exportada pelo antigo frigorifico Armour para o Japão.
Descarregamos e para não voltar a Livramento batendo varanda, fomos para Pelotas tentar carga. Rodamos, até que conseguimos uma carga de papelão.Estávamos carregando num ferro velho, quando eu andando e olhando a quantidade e variedade de objetos, encontrei um painel de carro, não sei por que, o que sei é que disse ao meu velho amigo Beto vou roubar aquele painel. Mas pra que queres essa porcaria perguntou-me. Olha Beto pra que eu não sei, só sei que vou exercitar o meu lado bandido, vou botar dentro da caixa da bóia. (caixa que fica na carroceria do caminhão e serve para levar todo o material necessário par fazer uma comida).Nesse momento, passou por onde eu estava um Negrão de quase 2 metros, que saiu do ferro velho, atravessou a rua e entrou num bar que tinha em frente. Eu concentrado no meu objetivo, abri a caixa da comida, arredei umas panelas, calculei o espaço necessário do objeto a ser furtado, olhei para todos os lados, não enxerguei ninguém, dei de mão no painel e botei dentro da caixa, coloquei as panelas no lugar e fiquei tranquilamente tomando um café com pão e salame. O Beto apavorado, tinha sumido não sei pra onde, não queria fazer parte do meu esquema, eu calmo e sereno, terminei o café, fiquei imaginando o que poderia ser feito com aquele painel sem descobrir qual a utilidade que teria. Não sabia nem a marca do carro ao qual aquele painel pertencia, mas o importante é que o roubo foi feito, tinha atingido meus objetivos, isso é o que importava. Quando estava fechando a caixa com o produto do furto, ouvi o Negrão que estava no bar perguntar pra outro cara: Fulano, tu pegastes o painel aquele que estava aqui? O perguntado, respondeu: Negativo, não sei nem do que estás falando. Eu que acabara de fechar a caixa, senti um calafrio na espinha e só aí entendi a fria que me meti. No mínimo o Negrão lá do bar tinha ficado me cuidando, com certeza tinha visto tudo. A minha sorte, foi que ele disse ao colega; Olha ele estava aqui à hora que eu passei pra ir ao bar da frente, certamente foi o Fulano que pegou, vou verificar com ele. Dito isso, sumiu dali. Eu apavorado e já temendo ser descoberto, tinha que aproveitar a oportunidade que me foi dada, ou seja, tinha que devolver imediatamente aquela porcaria enquanto era tempo. Olhei para os lados e não vi ninguém, prontamente coloquei o painel num saco que estava próximo com outros objetos. Passado alguns minutos, voltou o Negrão e vendo o painel, gritou para quem ele tinha perguntado. Achei, ta aqui dentro da bolsa com outras peças.
Passei a maior vergonha da minha vida, só por querer fazer uma brincadeira de mau gosto. Jantamos na saída de Pelotas. Enquanto jantávamos, o BETO me perguntou:
E ai motorista te anima tocar até Livramento? Eu prontamente mais faceiro que ganso novo em taipa de açude respondi afirmativamente, seria a maneira de mostrar ao meu professor que eu já estava pronto para a estrada. Após a minha resposta, o Beto pediu um garrafão de dois litros de vinho abriu tranquilamente e me entregou a caminhão. O bruto era um cargo trucado em estado de novo, carregado com uma carga de papelão, uma altura enorme, mas não trazia mais que 6 ou 7 mil kilos no lombo. Eu tenho que confessar que apanhei, principalmente na serra de Pinheiro Machado, ficava com medo de apertar o pé pra não ser repreendido pelo meu professor que degusta quieto o seu vinho, com isso o caminhão sofria para subir as lombas mais acentuadas. Mas o resto corria tranqüila como tartaruga de algibe. Até que uns 18 km de Livramento quase entrou merd... na cacimba. Numa descida acentuada com uma curva pra direita, eu dando uma de profissional, larguei na banguela e o Brutus embalou demasiadamente, a sorte foi que o meu professor que vinha dormindo, acordou e de imediato sentiu o perigo, mas foi inteligente para me orientar naquele momento que sem o auxilio dele poderia acabar numa tragédia. Disse-me calmamente, não te assusta companheiro, pisa no freio levemente e deixa-oele deslizar suavemente e faz a curva pela direita que a boca ta livre. O caminhão chegava assoviar, mas felizmente acabou tudo bem e chegamos sem novidade. Mesmo com a barbeiragem, no outro dia meu professor me liberou e me disse: Bem companheiro é só trocar a categoria da tua carteira e atracar o facão no toco.
Dessa viagem e do roubo acontecido no ferro velho em Pelotas, passado alguns dias, já em nossa cidade, os guris filhos do Beto, conseguiram não sei como uma montagem onde uma folha de jornal estava a minha foto e uma manchete em letras grifadas:

TENENTE DA BRIGADA MILITAR É PEGO FURTANDO UM PAINEIL DE CARRO EM FERRO VELHO NA CIDADE DE PELOTAS

Um comentário:

  1. José Vilmar

    Parabéns pelo espaço.
    No teu blog contemplamos um espaço de amor a tradição e o orgulho em ser um gaúcho de coração.

    Vou voltar!

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