Minhas raízes

Minhas raízes
Uruguaiana

quinta-feira, 25 de março de 2010

RETORNO


O Nicácio retornou.
Aliás, ele sempre volta. Sempre vai ao seu nascedouro a procura de suas origens, sempre quer saber mais, saber de onde vieram e de onde surgiram seus ancestrais.
Cada volta, cada retorno a Vila do Plano Alto, cada retorno a velha estação de trens onde passou a maior parte da sua infância, onde ele cometeu muitas artes já narradas.
Ao ver o velho armazém da antiga Viação Férrea que felizmente não está desativada, brotam de sua mente muitos acontecimentos.
Quando recorda o movimento da velha estação, ouve surpreso um apito, não o apito da velha locomotiva a vapor, popularmente conhecida como Maria Fumaça, mas sim o apito de uma moderna locomotiva a diesel, puxando vagões com cargas variadas, trens que ainda movimentam o transporte ferroviário das grandes centrais do País em direção aos Países do Prata, Argentina, Chile, Uruguai,através do MERCOSUL.
Mas ele, o Nicácio recorda ao ver o velho armazém já corroído pelo tempo, a sua infância, a infância de seus amigos que hoje são velhos como ele.
Lembra da carroça do Gentil Polano, que era o meio de transporte utilizado para distribuir a mercadoria que chegava à Vila.
O apito que o Nicácio ouviu, era um trem com três locomotivas da América Latina Logística, puxando 44 vagões.
É o modernismo.
Sim ao voltar no tempo Nicácio se lembrou do velho Gentil, com uma carroça puxada por burros, fazia o progresso do pequeno povoado.
Hoje, bem longe é claro não podia ser como ontem, o tempo passa o progresso precisa de espaço para implantar a sua tecnologia, seus modernismos.
Ao dar uma volta completa na Vila, Nicácio volta-se para dentro de si mesmo, retornando ao passado e cada casa que observa, lembra de quem morou de quem ainda como ele vive e é através dessa vivência dos que permanecem no lugar, que Nicácio alimenta sua ousadia de colocar no papel o seu passado e o passado de seus amigos remanescentes de então e com uma lembrança saudosa daqueles que já partiram.
Ao chimarrear com seu pai Ulisses de Medeiros com 96 anos e mais forte que ele próprio, aproveita a lucidez de seu velho para juntar os pedaços de uma história que é de todos os moradores do vilarejo.
A estação tem muitas histórias e apesar de velha como o Nicácio, permanece como ele, ativa, funcionando só tendo desativada as velhas Maria Fumaças que carregaram tantas esperanças e ilusões dos passageiros que usavam esse meio de transporte que deixou muitas saudades
.

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