Minhas raízes

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Uruguaiana

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O GENERAL

Em maio de 1986, nós tivemos que operar um filho que nasceu com cardiopatia congênita, uma doença hereditária e que surpreendentemente foi diagnosticada num outro filho que já está com 42 anos e ao fazer uma revisão normal, ela apresentou-se mas segundo a médica, sem problemas maiores a não ser o acompanhamento. O que precisou ser operado, tinha na época apenas 6 meses e imaginem o sufoco que foi o diagnóstico, a operação e acompanhamento de todo o processo. Hoje ele está com 26 anos, graças a Deus, forte, sadio e sem sequelas nenhuma. A operação, ocorreu no hospital Moinhos de Ventos em Porto Alegre, executada por uma equipe de médicos do hospital do coração. Ficamos 7 dias com ele hospitalizado. Nesse período, aconteceu um fato digno de registro e que passarei a relatar nesta postagem. O banheiro servia para dois apartamentos, quando era usado por um , tinha um interruptor que ao ser acionado, ascendia uma luz vermelha para evitar que as pessoas entrassem com o banheiro ocupado. Só que no outro apartamento, estava baixada uma senhora de uns 80 anos e era comum ela esquecer de acionar o interruptor, sendo que várias vezes entrávamos no banheiro e ela estava lá, isso, proporcionou um relacionamento muito bom e costumávamos conversar nesses encontros casuais dentro do banheiro. Um filho dessa senhora, veio de Brasilia para visitá-la e a partir daí, durante às tardes que eram longas, começamos a conversar e a tomar mate, claro que não era no banheiro e sim em visitas que fazíamos um ao outro. Tínhamos longos papos, ele me contando da vida no planalto central e eu lhe informando como era a vida na fronteira. Ele chegava a dizer que gostava muito do mei jeitão de conversar e de tratá-lo, tchê pra la e tchê pra cá.Passado uns dois dias de papo, eu começei a indagar o que ele fazia em Brasilia, em que trabalhava.Quando ele me disse que era funcionário público, eu de imediato lhe respondi: Mas tchê, então somos colegas, mas em que setor tu trabalha la?Me respondeu que era militar, mas faceiro fiquei, e lhe disse que eu era Brigadiano, 3º sargento, coisa e tal e tornei a perguntar, mas tchê tu é milico do exército ou da polícia. Quando ele me olhou e começou a rir, ascendeu uma luz amarela e eu desconfiei que estava pisando num campo minado.
Já não perguntei nada, fiquei quieto, foi quando ele me disse. Medeiros eu sou General do Exército, mas quero te fazer um pedido. Tu és sargento da Brigada la fora nas tuas atividades normais e eu sou General la em Brasilia, nós fizemos uma grande amizade neste dias de dificuldades que estamos passando e quero que enquanto nós estivermos aqui ,vamos esquecer nossas graduções e continuar este relacionamento que me fez tão bem. Concordei no ato, mas foi impossível cumprir e obedecer o pedido feito por ele, no meu sub consciente está até hoje com 69 anos, gravado o respeito, a disciplina e a postura de qualquer militar. Continuamos nossas conversas de fim de tarde, mas nunca foram as mesmas, com a liberdade de expressão e a espontâniedade dos dias que fomos iguais sem galões e nem divisas. Não me perdôo até hoje, por ter deixado de anotar o seu nome e o da sua mãe, pois foram companheiros fundamentais para levantar o nosso astral, naqueles dias difíceis que passamos ali.

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