Minhas raízes

Minhas raízes
Uruguaiana

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

QUEM DIRIA


Exatamente, o autor de Martin Fierro, José Hernandez, que inclusive diz a história, morou em Sant'Ana do Livramento, foi uma algoz de NEGROS. Sinceramente não sei se foi o seu criador ou o criado que tinha aversão aos negros. Mas, não me causa surpresas, porque ser a favor dos negros naquela época, era um verdadeiro suicidio. Mesmo assim, fiquei surpreso ao saber de tal fato, tal como o combate de Porongos, onde se contam muitas histórias, ou melhor na nosa história, tem muitas histórias que não são contadas. Vamos aos fatos, vou relatar aqui, um texto do Professor e Escritor LANDRO OVIEDO, publicado no Correio do Povo, que com certeza surprienderá aos mais aficcionados leitores.
MARIN FIERRO, ALGOZ DE NEGROS:
O poema ''Martin Fierro'', de José Hernandes, é um clássico universal. A história do gaúcho perseguido, despojado de seus bens e de sua felicidade doméstica, com sua família dizimada pelo arbítrio, obrigado a servir como soldado nas lutas de fronteira, comoveu gerações de leitores, desde as classes mais humildes, que se viram retratadas na obra, até o público leitor mais culto, admirador das suas virtudes estéticas.A primeira parte do livro a ''ida'' é de 1872; a ''volta'', de 1879.Martin Fierro curte uma aversão crônica a dois tipos do mundo argentino do século XIX, o gringo e o índio. Aquele é o imigrante, elemento estranho no mundo pastoril. Este, o índigena, é o elemento a ser vencido pelos gaúchos recrutados e temido pelo seu barbarismo.Há passagens em que Martin Fierro é insensível à sorte dos dos gringos e outras nas quais trava luta de vida e morte com os índios. Mas e os negros, que medida lhes dá Fierro ?Uma possível resposta está no canto VII da ''ida''. Martin Fierro, sem sofrer qualquer ofensa ou ameaça, provoca um casal de negros que quer apenas se divertir no fandango, arranjando um pretexto para assassinar o varão.Isso não encontra paralelo nem na natureza,na qual as feras lutam apenas por suas sobrevivência, motivadas pelo instinto. A moralidade às avessas de Fierro, dirigindo palavras de baixo calão a negra, praticamente obriga o negro a defender sua honra e a de sua companheira. Assim, nem mesmo a rudeza do personagem lhe pode servir de escusas, posto que fica por demais evidenciada sua psicologia de opressor, indiferente ao destino de outros oprimidos e deserdados como ele.Uma mentalidade é sempre produto do meio. Não podemos julgar valores morais de épocas passadas e distintas por nossas acepções atuais. O preconceito contra o negro era corrente. Confirma-o Martin Fierro, no canto XXI da ''volta'', quando diz que se descuidar com o ''homem de humilde cor'' e que este ''sempre será mau de entranhas''. Todavia, do preconceito ao assassinato por motivo fútil há um pampa imenso.Para Lugones, ''Martin Fierro'' é épico para Borges, relato individual. É possível que seja a síntese de opressor e oprimido em um único e ambíguo personagem de uma obra magistral.
Quem acessar esta postagem que tirem as suas conclusões.

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